09 August 2006

mais Monk



Vim conhecer a obra do Monk já tarde, e claro, a primeira música foi Round Midnight, que é a mais famosa, com milhares de versões instrumentais e também cantadas. Encantei-me com os caminhos da harmonia + melodia, achei difícil, estranho, belo. Depois fui me interessando pelo resto de sua obra. Não há uma só composição sua de que eu não goste, que eu não sinta uma profunda identificação. As preferidas: Monk's Mood (um desafio. canto ela com letra minha no show com Tomás), Crepuscule with Nellie, Misterioso (um haikai), Reflexions, Pannonica, Brilliant Corners, In Walked Bud, Ugly Beauty, Monk's Dream, Friday the Thirteen (só o Thelonious pra fazer a melodia dar uma sétima maior com um acorde de sétima menor) , Locomotive, Dear Ruby, Off Minor, Epistrophy, Jackie-ing, Blue Sphere, Between the Devil and the Deep Blue Sea (que título!!!), e por aí vai. Adoro ver seus vídeos, aquelas mãozonas nas teclas com uma técnica oposta à que aprendi na Academia (fui pianista clássica, ia até seguir carreira... é uma outra história...), aqueles dedos de mãozona aberta, batendo nas teclas e que dá tão certo, fica tão bom, aqueles anéis enormes rodando em seus dedos, e ele re-posicionando-os enquanto toca- me dá uma aflição, por que não os tira logo??? Seu rosto inteiramente "possuído" como num delírio expressionista, sempre brilhando de suor. Sua coleção de boinas, chapéus... Se levanta, dança, roda em volta de si mesmo, corre de volta ao piano pra pegar a deixa do sax...

A turma que toca com ele também é especial, pois pra tocar com ele tem que ser.

E Monk tocando standards de outros compositores? simplesmente genial, único, prefiro suas versões às originais: Smoke Gets in Your Eyes, I'm Getting Sentimental Over You, April in Paris, I'm Confessing, Dinah, My Melancholy Baby, Tea for Two, Sophisticated Lady... Tem músicas que não gostava e passei a gostar depois de ouvir sua interpretação...

Carmen Mcrae gravou um CD só com o repertório de Monk (letras de Jon Hendricks, Abbey Lincoln, Bernie Hanighen, entre outros), que me transporta pras lá entre "o diabo e o profunda mar azul"... Nunca ouvi Monk cantado tão genialmente. Ela e os músicos (Al Foster- bateria/ George Mraz- baixo acústico/Clifford Jordan- sax soprano e tenor nas faixas de estúdio/ Eric Gunnison -piano nas faixas de estúdio/Charlie Rouse -sax tenor nas faixas ao vivo- este tocou anos e anos com Monk- e Larry Willis -piano nas faixas ao vivo) fazem esse disco indispensável, não dá pra não ter- Carmen cantando Monk soa tão natural, tão fácil como respirar, mas no encarte ela afirma que foi um desafio e tanto... acredito!!! Atenção pra faixa Get It Straight (Straight no Chaser) em que ela faz um dueto com Mraz.

E os CDs com outras feras como John Coltrane, Duke Ellington, Sonny Rollins? dá nem pra falar, só ouvindo.

Pra ilustrar, a capa mais louca dos vinis de Thelonious, o Underground.

1 comment:

Anonymous said...

Oi Diana.

Lendo sua admiração pelo Monk, lembro-lhe que no site www.youtube.com há vídeos antigos dele. Com baixa resolução, mas pelo menos é de graça!
Aqui vai o link:

http://youtube.com/results?search_query=thelonious+monk&search=Search

Abraço.

Lucas

PS: Você gosta da fase "elétrica" do Miles Davis?