26 August 2006

arquiteta


Tem certas coisas que a gente faz crente que aquilo é aquilo mesmo, depois vê que "aquilo" só serviu de pretexto pra "isto" acontecer, e nada mais.

Quando fiz 21 anos, encasquetei que tinha que ter um diploma de curso superior. Quem era mais inclinado às Artes só tinha uma opção na época: fazer Arquitetura. Eu era pianista clássica, desenhava, tinha feito teatro... definitivamente, não poderia ser considerada uma "cientista". Encarei o vestibular e entrei pra FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ) em 1968. Que peso tem esse ano! AI-5. As passeatas. Aquele peso pesado que marcou o chão e o ar, a noite e o dia. E eu, recém-ingressa na faculdade, calourinha, sem maiores envolvimentos políticos, rapidamente aprendi a repensar o mundo, assistindo as assembléias no diretório, indo a reuniões estudantis, empunhando um color-jet (era assim que a gente chamava o spray) na mão pixando ônibus, e fugindo com a massa da polícia e os cavalos.

A Universidade foi marcante. Tive a certeza que era isto que queria, ser arquiteta. Idéias na cabeça, mão firme, prancheta, regua-T, estojo de canetas oxford, maquetes, papel manteiga e vegetal.

Mas agora vem aquela coisa que no começo comentei, e que não dá pra prever nem controlar. Não é que justamente ali um pessoal, me ouvindo cantarolar nos extensos corredores da FAU, gostou da minha voz e me chamou pra fazer parte do grupo de rock deles, o Cesar, Marcus et Trajanus (Antonio Cesar Lemgruber, Marcos Stul, Trajano Lemos)???? Bom, pelo menos no nome do grupo meu nome encaixava... et Diana!!! E com esse convite, fui aos poucos dando adeus à carreira de arquiteta (sem perceber, quando vi já tinha abandonado, nem tranquei matrícula).

A seriedade com que me preparei pro vestibular, o horário integral do primeiro ano de faculdade (o dia todo), as provas, as noites viradas estudando, tudo isso foi interrompido, diria até que desprezado, pra dar lugar à música. E o que começou sem a menor pretensão, sem eu ter nunca sonhado em fazer, que parecia quase uma brincadeira, acabou sendo a razão do meu viver ai ai...

Pra ilustrar, uma foto da FAU daquela época. Este é o lado dos "ateliês", que eram as salas onde desenhávamos os projetos. Você escolhia um (com mais uns dez colegas), e este seria o seu até o final do ano letivo. Guardo esta foto junto com as grandes amizades que ali conheci e que duram até hoje. Valeu!!!!

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