29 January 2007

depois do show

Enquanto não coloco as fotos do show, aqui vão as palavras: foi maravilhoso, estava lotadão, amigos queridos que adorei ver e rever e muita gente que nunca vi na vida, o que é muito bom, porque tá rolando uma divulgação "de boca em boca". A surpresa da noite foi o tecladinho (controlador) que Tomás levou e os sons que ele tirou, timbres, improvisos. Toquei nele o tema Misterioso, do Monk, junto com o Tomás no piano de 1/4 de cauda. Foi um dos pontos altos da noite. Outros pontos altos do primeiro set (Thelonious Monk) foram: Monk's Mood, com letra minha, Reflexions, com a participação da guitarra de Nelson Jacobina, In Walked Bud, com Tomás e eu tocando à quatro mãos mais o Nelson. O segundo set (Cole Porter) teve momentos muito bons também, como Everytime We Say Goodbye, So In Love e depois com o Nelson, Get Out Of Town, De Lovely, e o delicioso Beguin The Beguine. Nossa, foi muito lindo e gostoso. Definitivamente, um show diferente e beeeeeeeem original.

17 January 2007

Revista da Musica Popular III


Delícia delícia delícia ler as entrevistas de Araci de Almeida, Ary Barroso, Manezinho Araújo, Moreira da Silva e tantos outros, reportagens sobre Pixinguinha, Noel, Jayme Ovale, Caymmi, Kid Pepe, Inezita Barroso, crônicas de Bororó, Vinicius, Rubem Braga, Sérgio Porto, Almirante. E as colunas fixas que apareciam em cada exemplar:
SETE NOTAS MUSICAIS (coluna de humor de Vão Gôgo):
-Triste era a situação daquele pobre músico:empenhara tanto o pistão que o dono da casa de penhores já tocava melhor do que ele
- Era tão apaixonado por música, que aprendeu a nadar ouvindo "Sobre as Ondas"
- Grande músico! tocava a Marcha Fúnebre tão bem que quando acabava todo mundo lhe dava pêsames.
MÚSICA NA NOITE (notas e pequenas crônicas sobre o meio musical, de Fernando Lobo, que além de escrever, ilustrava com ótimos desenhos sua coluna- eu não sabia que desenhava, e que desenhava tão bem)
DISCOGRAFIA COMPLETA (de artistas como Mario Reis, Orlando Silva, Jacob do Bandolim)
ESTES SÃO RAROS (78 RPM com a foto do selo, como por exemplo: Triste Cuíca (Araci de Almeida), Seu Libório (Vassourinha), Preto de Alma Branca (Benedito Lacerda cantando!), Isquipac Isquipu (embolada interpretada por Breno Ferreira) etc
UM TIPO DA MÚSICA POPULAR (crônicas de Pérsio de Moraes falando sobre temas como "Seu Oscar", "O Sambista Inédito", O Folião", "Laurindo", "O Correio" que aparecem nas letras das músicas)
DISCOS DO MES (seleção de lançamentos de Inezita Barroso, Leny Eversong, Yvon Curi, Dircinha Baptista, Ciro Monteiro, Silvio Caldas, Elizete Cardoso, Vanja Orico, Raul de Barros, Almirante, Kd Pepe, Luciano Perrone e muitos outros)
HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR CARIOCA (artigos de Mariza Lira: A Contribuição do Negro- O Rítmo; A Polka; Música das Tres Raças; A Influência Ameríndia; O Alvorecer da Música do Povo Carioca, Os Nossos Primeiros Trovadores, A Música na Senzala, Ritmos Carnavalescos etc)

E ainda notas curiosas como esta sobre o Villa-Lobos: Villa na America- o mais irrequieto e o mais jovem músico: fala sobre jazz: "Adoro o jazz por causa de sua riquíssima emoção, sua técnica, sua riqueza de timbre e sua tremenda fantaisa de ritmo".

E ainda uma edição inteiramente dedicada à Carmen Miranda quando ela morreu, e com 2 fotos do Bando da Lua, em que aparece meu pai, acho que nunca tinha visto antes.

E ainda tem mais, que continuo mais pra frente. É uma verdadeira jóia. Ouro em papel.

15 January 2007

Revista da Musica Popular II


Continuando sobre a Revista de Música Popular: não era exatamente uma publicação com idéias vanguardistas. Muito pelo contrário, a Revista tinha um quê nostálgico, um sabor nacionalista; pregava que a melhor e verdadeira música brasileira era a do passado, torcendo o nariz para a influência americana, violão elétrico etc. Eis um texto de Ary Barroso chamado DECADÊNCIA, que dá uma idéia de como eram as opiniões da moçada. São frases uma embaixo da outra, numeradas de um a dez (que nem os dez mandamentos!!!!!):

DECADÊNCIA

1
Antigamente não havia "gramática"em samba. E todos o entendiam.
2
Antigamente não havia "acordes americanos"em samba. E todos o entendiam.
3
Antigamente não havia "boites", nem "night clubs", nem "black tie". E o samba andava pelos "cabarets", humilde e sem dinheiro.
4
Antigamente não havia "fans-clubs". Então os cantores cantavam sem barulho um samba sem barulho, vinda da Penha, único barulho preparatório para o grande barulho que era o Carnaval.
5
Antigamente as orquestras não tinham a disciplina militar das bandas, porque eram bandas autênticas sem pretensão a orquestra. Então o samba saía sem pretensão, mas gostoso.
6
Antigamente o "compositor" não era compositor; era veículo sonoro de suas emoções. Então o samba saía à rua vestido de brasileiro, gingando como as "porta-estandartes"dos ranchos.
7
Antigamente não havia parceria de cantores, empresários e "veículos". Então o cantor cantava: não impingia.
8
Antigamente o teatro era o palco dos triunfos populares. Então, o samba vinha da Praça Tiradentes para a cidade e depois para o Brasil.
9
Antigamente samba era uma coisa, hoje é outra...
10
Decadência!
Decadência!
Decadência!

Não é uma preciosidade? e é engraçado, porque Ary ficou apaixonado pelo EUA quando ele foi visitar a Carmen, elogiar tudo que via e experimentava. E certamente ganhou muito dinheiro com suas músicas lá, além de ser um amante do jazz... mas mesmo com todo esse preconceito e mau humor, a Revista trazia em todos os seus exemplares, artigos super-abrangentes do Jazz americano - o tradicional é claro, como esclarece este pequeno texto, que parece se desculpar de dar tanta importância a um estilo estrangeiro de música: "a Revista Musical Popular não tem igrejinhas; só tem um tabu: o que é bom é bom e pronto (minha nota: e quem é que decidia por todos o que era bom ou não????). Daí não considerarmos, a não ser para meter o pau, qualquer música rotulada de jazz que fuja aos legítimos ensinamentos da única fonte autêntica do Jazz, New Orleans e os negros de outras cidades americanas que nela se embebedaram".

Quem escrevia os ótimos artigos eram Jorge Guinle, José Sanz e outros, e vinham com fotos e informações sobre lançamento de discos americanos na coluna -Um Disco Por Mes- e também havia uma seção regular -Dicionário de Marcas de Disco- em que eram citadas as marcas do mundo inteiro -Cafamo (mexicana), Betler (espanhola), gregas, colombianas, marcas que nuncantes eu havia ouvido falar- uma pré-globalização!!!! E de vez em quando escapulia um artigo como -Dizzy Gillespie no Rio- e -Ascenção de Gershwin- Onde mais buscar estas preciosas informações se não fosse na Revista de Música Popular???

12 January 2007

show Diana Dasha & Tomas Improta


Delícia pura!!!! nosso show no dia 24 é imperdível! O repertório é lindo, os arranjos estão ficando inspiradíssimos, Thelonious Monk e Cole Porter juntos numa noite é...

Super irresistível!!!!

O que os dois têm em comum? são geniais!!! somos seus fãs declarados e apaixonados. Monk no jazz bebop, com seus temas de harmonias, melodias e ritmo tão criativos, Porter em suas canções populares encantadoras, ambos sofisticados, de bom gosto, eternos e únicos nesse planeta.

Super inesquecível!!!

09 January 2007

Revista da Musica Popular


Recebi um presentão de Natal: um livro de 700 e tantas páginas impresso pela Funarte contendo a coleção completa em fac-simile da Revista da Música Popular. Um tijolão mesmo, daqueles que não dá pra ler na cama, porque segurar o livro estando deitada, sem apoio de uma mesa, é uma verdadeira musculação. Não consegui ler nem a metade ainda, mas é daquele livro que cê vai abrindo aqui, vai lendo dali, e cada achado é um encanto. Tô adorando.

A Revista da Música Popular foi uma iniciativa do Lúcio Rangel, que junto com Pérsio de Moraes, editou 14 exemplares de 1954 a 1956, período entre a chamada Época de Ouro e o surgimento da Bossa Nova. Sua periodicidade dependia a cada número com o dinheiro do papel e da impressão, que chegava geralmente atrasado. Sua redação (que até o último número saía nas revistas como "provisória") era na Rua Santa Luzia, no Centro. Cada exemplar tinha em média 50 páginas, seu formato era de 17,50X23,50, um pouquinho menos que as dimensões do livrão. A maioria de seus colaboradores (e que turma!! Vinícius de Moraes, Nestor de Hollanda, Rubem Braga, Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Paulo Mendes Campos, Fernando Lobo, Guerra Peixe, Almirante, Ari Barroso, Haroldo Barbosa, Sergio Porto,Vão Gôgo e outros mais) trabalhavam de graça. Teve vida curta, mas foi fundamental e de uma importância extraordinária, pois resgatou grandes artistas ainda vivos como Ismael Silva, Assis Valente, Moreira da Silva, Ataulfo Alves, Lamartine Babo, e até o Pixinguinha... que estavam sendo esquecidos, vários já aposentados e sem mais criar. Com estas publicações eles voltaram a se a ser gravados, regravados, entrevistados, voltaram a se apresentar em shows, rádio e em programas da TV que estava apenas começando.

Este é o primeiro de vários posts que vou escrever sobre esta jóia. Aguardem!!!! É delicioso folhear suas páginas e encontrar artigos como "Dorival Caymmi fala de pintura, literatura e música" (de Paulo Mendes Campos); "Quando Chico Alves era turfista" (de Haroldo Barbosa), "Origem do Fado" (Mario de Andrade); Entêrro do Sinhô (de Manuel Bandeira); Ismael Silva por Vinicius de Moraes; Variações sobre o Baião (Guerra Peixe); Tres Baianos na Vida de Carmen Miranda e centenas de outras viagens. Me sinto um marinheiro nas águas do túnel do tempo.

07 January 2007

da minha janela


Viva 2007. Sempre tenho certeza que o ano novo vai ser melhor que o anterior. Sonhos renovados. Desejos também.
Estou saindo, mais tarde volto pra escrever, mas é que tava com tanta saudade de postar aqui, que vai esse trailer.
Com a foto do pipocar dos fogos da janela da minha sala, óóó que lindo. É um privilégio poder ver isto de casa. Quero este ano ver muuuitos fogos de artifício, e ouvir nenhum de artefato armado.