12 August 2013

voltando

Pois é, quando abri este blog hoje e vi a data do último post, não levei susto, não me surpreendi. Pra mim, faz séculos que não escrevo, e não escrevo porque enlouqueci. Um ano da morte absurda do Mario. Uns meses depois, a morte de Nelson. Não deu pra escrever sobre isto, nem sobre nada depois, porque não tive palavras, foi tudo tão súbito afinal, que fiquei à deriva. Não há como se poupar, se preparar: quando estas coisas acontecem, você é chupado pra dentro do olho do tufão. Sem drama. Com intensidade máxima. A linha entre o louco e o são fica tênue, tendendo a desaparecer se não se cuidar. 

Não me cobrei nem me exigi uma migalha. Deixei-me sentir. Escrevi bastante, mas em pedaços soltos, margens de cadernos, folhas esparsas, vidros embaçados de janelas, fundos de gavetas, quadros negros, tentando ter foco, mas sem a mínima condição de focar em nada, vagando, procurando meus pedaços espalhados pelo espaço cósmico, que nem cometas ou estrelas mortas ou nano-planetas ou cacos de asteróides. Formando uma via-lácrima em que cada partícula se transformava em novos pedaços de novas matérias. Processo que dura anos. 

Neste exato momento me sinto no meio de uma desconstrução, me sentindo bem, arrisco a dizer até- muito bem- apesar da vertigem que isto me causa. Virando outra coisa. Não sou eu antes do Nelson, nem eu com o Nelson. Esta criatura que ora se forma sou eu depois de tudo que aconteceu. Quem é? ainda não a conheço, mas de cara já estou gostando dela e de seu caminho que se abre num leque de 360º. Nada determinado, nada necessário, é abrir espaço, soltar as asas, e fazer acontecer. Ou não. Sou a soma de tudo. 


Starting all over.



12 January 2012

one year

Hoje, dia 12 de janeiro, faz um ano que Mario se foi. Um ano, mas a dor é de hoje. Eis uma faixa do nosso CD, gravado um mes antes da tragédia. Uma homenagem de muito amor e saudade a este meu amigo, irmão, parceiro, companheiro de 42 anos de convívio. Com vocês, Mario Jansen, seu piano e seus vocais.




um ano


Hoje faz um ano que Mario se foi, mas não parece, ainda mais se assistir às notícias das recentes enchentes na TV, e ver os deslizamentos, mortes... parece que foi hoje.  Águas de janeiro. Aquele horror me vem todo.

Mas parece que deu uma trégua: um tímido sol quer aparecer, a temperatura é aquela coisa gostosa, amena, ou seja, está um dia esplendoroso. Na minha caminhada, quando entrei na floresta do Silvestre, veio um cheiro forte de mata com cores bem molhadas, fortes, nítidas. Quantos tons de verde (a cor preferida do Mario), uns mais amarelados, outros bem escuros quase pretos ou marrons ou sepias, outros ocre, outros mais pro azul... uma infinidade...  deu uma alegria danada. Fiquei pensando em quantas vezes ele olhou pra fora da janela de sua casa e sentiu exatamente esta mesma alegria, este deslumbramento, ao reparar este mesmo espetáculo diante de si.

Sempre que chego nesta parte da caminhada, lhe cumprimento: bom dia, Mario! É como se estivesse entrando em sua casa. Porque árvores são seres,  entre outros, que me lembram dele direto. Um bando delas, mais ainda. Fisicamente, ele até lembrava uma árvore!!!! Pois foi no meio de uma floresta que ele escolheu viver e construir a sua moradia. Replantou no morro mais de 800 mudas, que conhecia mais que a palma da mão. Foi este morro que o soterrou, encharcado, pesado, toneladas de água e barro e árvore e folha e pedra. Se os morros fossem gente, diria que este foi capaz da mais cruel traição... não mereceu ter sido replantado e tão bem cuidado... não mereceu o seu amor, o seu cuidado... não mereceu a sua confiança. Mas como morro é morro, chuva é chuva, folha é folha e gente é gente, as coisas são assim.

Mas voltando à caminhada: assim que o cumprimentei na entrada da floresta, uma folha veio caindo caindo direto na minha mão, mais direto mesmo, e senti que foi ele que me deu, ou quis que fosse dele, ou decidi que era dele. Acabei de falar -Mario- e lá veio ela. Acaso? sei lá... cada vez sei menos, cada vez entendo nada... Mas caminhei com a folha na mão ida e volta, e agora está aqui na minha mesa, onde vai ficar “para sempre”. 

Um ano. Mario, neste momento a única coisa que eu queria era te abraçar.

08 October 2011

stevie wonder

Meus fiéis leitores me perguntam se ainda existe o blog. Existe sim. Está dormente, assim como vários pedaços do meu coração, e o blog funciona justamente como um termômetro do coração. Mas ele existe, ele bate, visto que não morreu. Quem é vivo, sempre aparece, diz o ditado. 

Aconteceu o Rock in Rio, eu não fui mas assisti muita coisa pela TV, opção perfeita para quem não quis fazer maratona, ficar no sol durante horas, se aventurar pra ir, se aventurar pra voltar, entrar em fila. E que coisa boa: depois que acabou os últimos shows da noite (madrugada), JÁ ME ENCONTREI EM CASA!!!! me senti teletransportada, ficção-científica, de volta pro futuro.

Gostei de muita coisa, e detestei outros horrores (“como isto faz sucesso? não dá pra entender”). Mas o que realmente me levou às lágrimas foi o show de Stevie Wonder, o melhor de todos, longe, sem comparação. Destoante de todo o resto. O resto foi o resto. Bota de um lado o Stevie Wonder e do outro lado todos os grupos que participaram, a balança vai arriar pro lado dele, e vai arriar até o fim: suas músicas viraram clássicos, vão ficar pra sempre. 

Ele é um iluminado, aura de luz em volta. Que voz é aquela? músicas que fizeram parte da minha trilha sonora desde os meus quinze anos... todas do show eu conhecia, só de ouvir a introdução... todas cantei...e não dava pra ficar parada... olha que Nelson foi dormir, Milton dava uma olhada de vez em quando, não tinha mais ninguém, e eu arrepiada no meio da sala. Sem uma droga sequer... só a música. 

Stevie Wonder me lembra de mim, do meu mais íntimo eu, daquela que eu nem lembrava mais, daquela que me lembro a toda hora. Me lembra dos namoros, das separações, dos desafios, das dúvidas e das certezas, das viagens, das minhas festas, das crises existenciais, das esperanças, das fantasias... escuto ele quase todos os dias na minha programação. Como por exemplo, quando cheguei na Europa pra morar, ouvi demais o Journey Through The Life of the Plants, e sempre que escuto- pumba! me vem aquelas sensações de novas descobertas. Isto é só um exemplo, tem muitas, que fazem-me sentir que dividi a minha vida com ele. E as músicas dele que cantei em show? várias. Me lembro em Sousse e Tunis, por exemplo: You Are The Sunshine of my Life era um dos pontos altos, às vezes tinha que repetir no bis. E neste show, eu cantava outros clássicos, mas era esta música que levantava o povo. Tunísia, heim!

Não sei. Será que compartilhar a sua vida com a música de um artista nos faz gostar dele? será que quem nasceu depois, mal o conhece, não vai gostar? acho que não, é mais do que isto. A vida inteira ouvi muita gente que continuo escutando, mas são poucos que me falam tão fundo quanto ele. E conheço jovens que foram praticamente conhecê-lo no Rock in Rio, e que gostaram demais. É tão claro o seu recado, basta ouvir. Ouvir e ver, melhor ainda! 

Demorei uma hora pra pegar no sono.



02 October 2011

Muddy Waters - Bye Bye Baby, Goodbye

Com esta música, Mario e eu encerrávamos o nosso show. Cada um cantada vários estrofes. Ouço sua voz cantando aquela:
you're gonna miss me when I'm gone...

13 August 2011

sete meses


Dia 12, ontem, fez sete meses que meu amigo e parceiro morreu, na maior tragédia ambiental da história do Brasil. Estou sempre pensando nele, na sua morte absurda, e não vou me conformar nunca. Esta música é uma das nossas parcerias, foi ele que fez o arranjo, fez o backing-vocal, tocou teclados, piano e ainda fez a gravação com um superFostex, e editou em K7.


MIENTRAS
você me pergunta se a gente vai ser
pra sempre feliz assim
e eu te digo
quero ter contigo um amor
mutante
pra que seja constante
o tempo do sonho da flor é pequeno
depois que ela atinge
seu esplendor
o que acontece agora
durante
é mais interessante do que o fim
quero ter contigo um amor semente
cada dia homeopaticamente
infinitésimas gotas de ser
temperando o ambiente







14 July 2011

seis meses



Foi há seis meses atrás que Mario se foi (como é que aconteceu isto???? ele ter sido vítima do maior desastre ambiental da história do país????? uma casa tão boa, numa área nobre, ainda ainda não dá pra eu me conformar... só acredito por causa do seu silêncio), com as enchentes que destruíram o centro de Friburgo. Por um lado, penso: nossa! já seis meses, como passou rápido. Por outro, a saudade é uma saudade de anos... há tanto tempo não ouço a sua voz, não o vejo, a gente não conversa, a gente não faz show... parece que foi há anos a última vez...

Mas a vida segue, não há como ser de outra forma. No exato dia 12, fui ver o Meia-Noite em Paris, último filme do Woody Allen (que adorei), e dediquei este prazer ao Mario.

Nós moramos no comêço dos anos 80 nesta cidade, e relembrei nossas aventuras, tocando no Via Brasil, e indo a pé pra casa depois do show, só pra curtir Paris. Levava uma hora ou mais, mas era tão lindo, que ia num instante. A gente ia caminhando, e como estávamos sempre meio alcoolizados, nem sentíamos o tempo passar. As ruas, os cartões-postais (que no começo do filme se apresentam em slideshow e que reconheci, lindos lindos) que foram cenário para as nossas histórias. Acho que ele iria gostar muito de ver. Fui no São Luiz, Largo do Machado, lugar que frequentamos muito nos anos 70... 

Agora na TV, já há tres dias, reportagens sobre a Região Serrana seis meses após a tragédia, do jeito que ainda está, destruída (parece que aconteceu ontem) e abandonada, com desvio de verba de milhões... onde foi parar este dinheiro?

Eu ainda não voltei. 

13 June 2011

cinco meses


Recebi ontem fotos de uma amiga. Data das fotos: junho de 2008. Lugar: um sarau-almoço na casa do Nilo. Dentre elas, duas me emocionaram às lágrimas: Mario e eu tocando a quatro mãos. Tínhamos feito o show no Valansi havia um mes, estávamos alegres e pensando nos próximos. E então tocamos, tocamos neste dia, foi muito bom, numa casa maravilhosa, gente interessante, uma tarde inesquecível. Dois anos e meio depois, acontece a tragédia na Região Serrana e Mario morre. Quem poderia prever? quem poderia imaginar? uma pessoa tão cheia de energia e disposição. Que tocava o dia inteiro, só pensava naquilo. O piano. Seu eterno companheiro de todas as horas. 

Estas fotos me fizeram lembrar de muita coisa (as fotos servem pra isto mesmo, voltar no tempo). Seus sapatos pretos, sua roupa preferida: calça e camisa de manga comprida arregaçada (sempre sempre), tecidos de jeans tipo brim, aquele azul (não índigo, não ultramar, talvez prússia ou cobalto). Seus cabelos cuidadosamente cortados na frente, mas compridos atrás. 

Nossa cumplicidade.

E suas mãos. Mario era todo grande, quase 2 metros de altura, e as suas mãos, é claro, tinham que acompanhar a imensidão restante. Pois eram grandes. Pondo a minha colada à sua, seus dedos começavam onde os meus acabavam. Um pouco de exagero, só pra dizer que eram realmente acima da média. Alcançar uma décima era brinquedo pra ele, fazia como eu faço uma quinta, e disto ele se aproveitou no seu estilo tão pessoal de tocar.

Mas suas mãos eram mais do que isto: tocavam nas coisas de uma maneira quase mágica de ser. Suas mãos eram bonitas, de movimentos harmoniosos. Faziam transparecer sua extrema sensibilidade, que o tornava uma pessoa tão especial. Eram fortes, tinham carisma, marcavam presença. Eram mãos que mereciam ter sido eternizadas, esculpidas em mármores, de tão belas. No piano, faziam o que queriam. Me lembro de seus dedos apertando os botões do teclado, ou do gravador... nunca com o indicador e sim com o mediano. Este gesto era característico, e mostrava toda uma delicadeza que ele tinha em relação às coisas em volta. Delicadeza no pegar. Delicadeza no tratar. Delicadeza no sentir e existir. Mas quando era pra pegar no pesado, sua mãos pegavam na enxada, consertavam telhas quebradas, tiravam espinhos de ouriço da boca de cachorro, carregavam caixas de som (não esqueça que ele morava numa casa, com floresta atrás, e ele é quem cuidava de tudo). Valentes, se metiam em qualquer combuca. Com perfeição, pois era um perfeccionista. 

Não raro, acontecia de se machucar e elas ficavam marcadas . Dias antes de morrer, ele me perguntou se eu sabia como disfarçar umas manchas que estavam em suas mãos, pois estava fazendo show direto e não queria aquilo tão aparente... lembro disto comovida... Com cuidado, passei uma base facial, e ficou uma beleza, sumiu tudinho. Dei-lhe o frasco, e ele usou por mais um fim de semana... e depois... ele se foi.


Sentimento estranho. É tão real! uma cena tão habitual, a gente sentada junto tocando. Coisa que se repetiu tantas, tantas vezes nestes quarenta e dois anos. Tão familiar. Como a claridade do dia, e depois vem a noite. Coisas que fazem parte de minha vida, coisas com as quais me entendo, coisas pelas quais compreendo o mundo, e agora não compreendo é nada. Sentido? nenhum. Muito difícil viver sem sentido, sem lógica, sem entender. Tão estranho olhar estas fotos que me apareceram assim, por milagre, sem mais nem menos, quando eu pensava que nunca mais iria ver material novo dele, que o que tenho dele agora é o passado dentro de mim, eis que de repente me vem um presente (passado-presente-passado-presente), e eis que ele me aparece, exatamente como fosse uma encarnação e sinto-o vivo, sabendo-o morto. Eis que, neste dia gelado de um inverno que começou em fins de maio, sua lembrança me penetra e me aquece.


Hoje, dia 12 de junho, faz cinco meses.







23 May 2011

quatro meses


Zero hora do dia 12 de maio. Eu estava perdida, sozinha, no meio dos saguões intermináveis do aeroporto de Miami, dando voltas de lá pra cá, em busca de informações sobre o transporte que iria me levar até um hotel. 

Contando assim parece um pesadelo, mas era bem real. Meu vôo de volta pro Rio havia sido cancelado em cima da hora, e depois de muita confusão e ânimos alterados, me deram uma papeleta com direito a uma noite num hotel, que o meu vôo sairia só na manhã seguinte, às 8:00. Ou seja, não havia tempo a perder. Primeiramente pensei em ficar lá mesmo, nem sair do aeroporto, mas as coisas ali estavam começando a fechar, o cenário não era nada animador, estava ficando meio deserto e esquisito, luzes apagando, ruídos silenciando.

Lá fora estava mais sinistro ainda: deserto, sombra expressionistas em preto e branco, de vez em quando um veículo passava a cento e vinte por hora. Me senti frágil, desamparada e tive medo.  Cadê todos do meu vôo cancelado? não havia ninguém ali. Finalmente consegui contactar o hotel, que me mandou transporte. Só eu na van, mais ninguém.

Uma e meia da manhã. O hotel era muito bom, pena que cheguei tarde demais pro jantar, e a cozinha só me ofereceu melancia, melão e iogurt com sabor, que devorei no quarto. Pedi para me acordarem às cinco, e tentei cochilar, com medo de perder a hora. Nem pude aproveitar a cama gostosa e o conforto em volta de mim. Deitei ligada em me levantar, com a roupa do corpo.

Tudo isto pra dizer que naquele dia completava quatro meses que Mario morreu.

Só eu sei como foi e continua sendo pra mim esta perda, esta ausência, este vazio dele em mim. Só eu sei. Só eu sei. Só eu sei.





12 April 2011

tres meses

Hoje faz tres meses que Mario se foi. A dor é a mesma. A saudade é maior.Tudo é um grande absurdo.

31 March 2011

Beethoven contra o câncer



Um artigo surpreendente, de arrepiar, saiu ontem no O Globo, Ciência: “Beethoven Contra o Câncer: células tumorais expostas à Quinta Sinfonia perderam tamanho ou morreram. A pesquisa foi feita pelo Programa de Oncobiologia da UFRJ, que expôs uma cultura de determinadas células à meia hora da obra. Uma em cada cinco delas morreu, e as sobreviventes apresentaram perda de tamanho e granulosidade!!!!

A Quinta Sinfonia é aquela que começa com aquelas quatro batidas, e que popularmente chama-se “do destino”. Caramba, ficamos todos cheios de esperança aqui!!! que glória seria se isto realmente desse certo. Porque, quando a medicina tem pouco ou nada mais pra oferecer, uma notícia destas realmente é animadora demais. Já imaginou chegar um dia em que entra-se no consultório, e o médico receita meia hora por dia ouvindo determinada música, ao invés de quimio, radioterapia? é um sonho!

Já tinha ouvido falar sobre o poder que a música tem nas plantas, mas sempre achei meio preconceituoso, porque dizia assim: música clássica tornava as plantas lindíssimas, viçosas, enquanto que rock ou funk matavam as mesmas. Rock e funk escurecia a água no copo, a música clássica formava lindos cristais brancos. Que coisa. Não dava pra acreditar numa coisa destas. Mas esta reportagem me parece séria, relevante, e perfeitamente crível: diz que esta Sinfonia em particular tinha esta habilidade, mas já uma peça que puseram de Mozart (Sonata para 2 pianos em ré maior), que é muito usada em terapias alternativas, não fez o menor efeito. Bem, por aí dá pra concluir que não é mérito do gênero de música, pra começar. Outra que também surtiu efeitos semelhantes nas células tumorais foi a composição “Atmosphères”, do húngaro György Ligeti, que me deu a maior vontade de conhecer. Como será?

Ainda há muito a pesquisar: se o efeito foi pelo conjunto da obra, ou partes dela, ou mesmo um ritmo, um timbre, uma sequência harmonica. Pesquisar também outros gêneros musicais -vão agora usar samba e funk- e também se o mesmo resultado é conseguido quando se escuta com fones de ouvido, porque estes resultados não têm a ver com o emocional, as células tumorais foram expostas ao som, foi uma consequência direta, física.

É preciso descobrir a cura do câncer, ou como controlá-la, pelo menos, como tem sido feito com a Aids. Câncer: doença séria e traiçoeira, que, salvo raras exceções, acaba com a pessoa que a tem e abala profundamente quem está ao lado, cuidando e convivendo com este horror.

26 March 2011

média com pão na chapa




Notícias conturbadas, e cada dia coisas sérias e graves acontecendo. O terremoto no Japão, seguido de tsunami, seguido de acidente nuclear, depois a guerra civil na Libia, seguido de ataques estrangeiros, agora a água contaminada, consequência do vasamento de Fukushima, em outra parte do planeta, o Kadafi reage e vence as revoltas, e agora leio tragédia ambiental próximo à Cidade do Cabo, Ilha Nightingale (Rouxinol, em ingles), com a foto de 3 pinguins de penacho amarela cobertos de petróleo. Espécie em extinção. E no Brasil, alerta pro vírus 4 da dengue, que chega à área.  

2011 pegou pesado.

Afora isto, ontem um céu azul tão belo de manhã, tive que descer cedinho, e senti uma alegria interminável a explodir no peito. Há tempos não experimentava isto. E fui tomar aquela média com pão na chapa. Digo aquela, porque quem me conhece sabe que não há café da manhã que eu mais goste do que esta média com pão na chapa. Nem aqueles abundantes variados de hotel chique, nem aqueles que promovem encontros matinais servindo variedades de pães, frutas, geléias, queijos... gosto disto tudo, mas de nada me serve se não tiver o meu café com leite, e aquele pão (frances mesmo) na chapa.

Quando foi que tomei gosto por isto? dizem que “isso vem lá de trás”... mas não tomava café na infância e nem na adolescência, portanto não foi aí. Quando saí da casa de meus pais e fui morar com amigos em Santa, fazíamos macrobiótica, era aquele mingau de farinha de arroz integral tostado, mais araruta e shoyo e água. Gostosíssimo por sinal, adoro. Com broa de farinha integral, que comprava na Associação. Adoro até hoje, mas este menu faz parte de uma ideologia, uma religião, uma utopia, é mudança de vida, de maneira de pensar, é coisa diária, como exercício físico (que há tres meses não está na minha agenda). Não serve pra degustar apenas numa manhã, e depois não. 

Mas voltando atrás: que fase da minha vida produziu em mim lembranças gostosas inconscientes que afloram conscientemente quando tomo uma média com pão na chapa? 

Acho que peguei este gosto quando fui morar na Europa e fiquei por anos me hospedando em hotéis de quarto e banheiro. Acordava, descia pra rua pro café da manhã, então foi aí. Às vezes, em mesas numa praça bonita, às vezes em cafés, às vezes com jornal (não gosto de ler enquanto como porque não presto atenção a nem um nem a outro, e comer sem sentir plenamente o sabor não dá, sou uma pessoa que AMA comer), na maioria das vezes só observando em volta, e sempre curtindo muito esta refeição que gosto muito, talvez a melhor de todas. 

Aqui em Santa não há um lugar sequer que eu possa realizar este prazer, então sempre que posso, desço. Não é em qualquer lugar: de preferência, numa mesa com garçom, num lugar bonito e não barulhento, então pra começar, nada de balcão e em pé. Não como em pé, parece que deixo de sentir o gosto. E, apesar das várias opções, fico sempre com o “média com pão na chapa”. Enquanto como, gosto muito de reparar o cenário, as pessoas ao redor, que de manhã estão mais fresquinhas, o dia começando, muitos sonhos para realizarem durante o dia. Fico imaginando suas histórias, suas vidas, quem são, o que fazem. Pessoas são muito interessantes quando imaginadas, talvez até mais do que quando as conhecemos hehe... 

Pequenos prazeres, grandes aliados, satisfação garantida!










12 March 2011

dois meses

Há dois meses que Mario se foi. Esta foto acima é do dia 6/01/2011, seis dias antes da sua morte. Foi em Friburgo, era seu aniversário, estávamos tomando um belo café da manhã no Superpão, pra comemorar.

Não acredito, não entendo, não aceito. A forma brutal que foi.

Natureza cruel. São chuvas que matam, terremotos que matam, tsunamis que matam. Agora mesmo estamos chocados com as cenas de ontem da tragédia no Japão, que me lembraram muito das cenas de Friburgo. Mas o que aconteceu com o Mario foi absurdo, porque ele não morava exatamente numa zona de risco. Acabou virando, depois que o imponderável tomou conta de tudo, e ficou impossível prever o que a natureza pode fazer. Agora, qualquer lugar é de risco. E a morte, uma coisa que pode acontecer aqui e agora, assim!

Mas quero ficar mais leve, pois a vida está dentro de mim, e muito forte pulsando, graças aos deuses todos poderosos. Lembro do meu parceiro, companheiro musical, irmão, amigo de dia de noite, a qualquer hora. Vai ser sempre assim, não tem jeito. E em sua homenagem, aqui vai MIENTRAS, uma música que fizemos juntos.

Mario, que loucura esta vida. E que loucura a sua morte.

05 March 2011

jacas


Esta também estava lá esquecida no mes de dezembro, que publico agora. Aí vai:

"Jacas perfumam meu verão. As do quintal estão caindo sem parar, parcialmente comidos pelos habitantes locais alados ou arbóreos. Conseguimos ainda pegar alguns intactos no galho (tronco) mesmo, como é o caso deste daqui, jaca dura, que trouxemos para nos deliciar, e com isto, perfumar a casa toda.

Que aroma forte tem esta fruta, e que massaroca ela faz quando cai no chão!!! muitas vezes bem na passagem, na subida na escada, ou mesmo na ducha... uma lambança, e logo bilhares de mini-insetos acham o petisco, e formam nuvens que pairam nela e em volta, de forma que fica difícil passar pelo local. Fora o perigo de... meter o pé na jaca...

calendario 2011

Dando uma olhada nas edições do blog neste dia chuvoso mas bem suave, com mínimos e leves pingos tamborilando que nem plumas, constatei que não havia postado este aqui, tava lá como rascunho na data de 20 dezembro. Totalmente 3 meses atrasado (mas nunca é tarde demais), publico agora. Lá vai, sic:

"E como não podia deixar de ter, já virou uma "tradição", que nem rabanada e pannetone, o calendário que lanço no fim do ano está aí. Todo feitinho por mim, à aquarela, com meus gatos e gatos convidados. Este ano tive perdas irreparáveis: Semínima minha preta adorada, Coquinho meu branquinho fofo, Colombina minha pequenina menina e finalmente, inesperadamente, 1 dia depois da Colô, a Aracy minha acordadora carinhosa.Tão inesperado foi, que não deu pra incluí-la no calendário. Estará no do ano que vem.
E aqui vão elas":
SEMÍNIMA (capa)
GONG-LI e SULEIMAN (contracapa), com o texto: formaram um casal muito apaixonado, e estão aqui no jardim num momento de pura PAZ. É esta paz que desejo a todos em 2011. Que este ano que vai começar seja um ano muito bom, que possamos realizar vários sonhos, que possamos gozar de saúde e alegria com as pessoas que amamos, e que haja cada vez mais um mundo justo para os seres da Terra. Na capa está a minha saudosa Semínima, que partiu este ano para se juntar à Deusa Bastet no seu reino iluminado.

NICOLAU (janeiro)
DUSKY (fevereiro)
SEMÍNIMA (março)
JACK (abril)
COLOMBINA (maio)
FRANK (junho)
ZUMPI (julho)
MIMOSA (agosto)
COQUINHO (outubro)
ROCKY (novembro)
PITECA (dezembro)

17 February 2011

seria hoje

Mario, se esta tragédia? loucura? cataclisma? absurdo? sei lá como descrever este MAIOR ACIDENTE CLIMÁTICO REGISTRADO NO BRASIL em toda a sua história (e por que teve que atingir VOCÊ?????). Continuando ou recomeçando: se esta coisa não tivesse acontecido, seria hoje o nosso show no Valansi, uma casa super-bacana, um dia nobre, e que showzaço seria... se eu for me basear nos elogios que venho recebendo das pessoas a quem dou o nosso CD, nossa! ia ter gente fazendo fila lá fora pra entrar... e somando com os shows que fizemos em Friburgo, este show iria ser... iria ser.... iria ser...

Mas o que vou fazer hoje? você me pergunta. Vou me encontrar com o Adriano- sempre é bom encontrar com Adriano- média com pão na chapa na Manon, Rua do Ouvidor, depois zanzar pelo Saara, tá um pouquinho menos quente, mas fervendo ainda (sabe que desde que houve a tragédia, não choveu mais uma gota...), ir à análise (desde que ce se foi, tenho feito tres vezes por semana em vez de duas) e encontrar o Luiz e Milton na Cavé. A última vez que nos encontramos lá foi pra acertar os detalhes da minha compra do tão querido andar de cima de sua casa, casa bonita que ce arquitetou com tanto talento, tanto carinho, tanto esmêro, tão cuidadosamente, tão rica em detalhes, e que ficou tão aconchegante. Casa segura, firme, bem construída, e que não existe mais, nem o andar de cima, nem o de baixo, nem a cama, nem as janelas, nem a tábua corrida do piso, nem os azulejos coloridos do banheiro, nem o yamaha, nem o armário, nem o quadro da Hypatia, e nem você. Esmagados por uma avalanche de um morro inteiramente reflorestado por você há décadas, morro que lhe ajudei a reflorestar, mais de oitocentas mudas. Com tanto esforço. Tão sólido, tão aparentemente perene... e como ce amava este seu lugar, como ce se orgulhava de ter feito esta casa (e com toda a razão, porque era linda).

É muito difícil lidar com esta realidade tão chocante, tão radical, se eu ainda bebesse, iria estar enchendo a cara todos os dias e muito, pra escapar. Mas como não bebo uma gota faz dez anos (e você, meu querido, nove!!! lembra como nos orgulhávamos disto?), não tem jeito, é encarar isto de frente e aprender a conviver com este horror, embora sem entender, sem aceitar, sem me conformar, sem nunca mais voltar a ser o que era. 

Tem um ditado que diz: “nunca fale nunca”. Mas neste caso falo sim, falo NUNCA porque é NUNCA mesmo, falo sem medo de errar. A única coisa que pode nos dar a certeza que esta palavra está sendo dita com propriedade é a morte. A morte, que encerra nosso contato físico, nossas conversas audíveis (as mentais continuam, vide esta carta, mas é unilateral, não vou receber outra de resposta), nossa troca de experiências vivências observações palpites opiniões sugestões terrenas, nossos pequenos gestos de carinho ternura amor um com o outro, interagindo no dia-a-dia, construindo algo constante, vivo, ativo, se alimentando do presente aqui e agora acontecendo em nós, cada dia um passo, um degrau pro futuro, que não existe também... Nada disto nunca mais vai acontecer. 

Porém o amor está aqui, na jóia que é a minha lembrança de você. E ce vive em tudo isto que ce me deixou, que não é pouco. Portanto, meu amigo, continuemos. 










12 February 2011

carta para Mario

Hoje faz um mes que você morreu, meu querido. Nas enchentes de Friburgo.

Que loucura. É besteira tentar entender, é bobagem dar palavras aos sentimentos que ainda (e sempre) estão (e estarão) dentro daqui de mim, num lugar em que a razão não tem vez. A parte do meu cérebro que formula palavras tá dormente.

Foi tudo tão totalmente inexplicável, totalmente impensável, totalmente intraduzível, totalmente inaceitável, totalmente absurdo total.

Um dia cheguei em casa e por um instante me deu na veneta de te ligar, contando que encontrei a Lucinha (da Luli), e que falamos do que havia acontecido. No outro, por um segundo me passou pela cabeça de te reenviar o email tão carinhoso da Maribel lembrando de você, daquele tempo bom que passamos em Barcelona, e me dando forças pra suportar esta perda. Estes e vários outros exemplos que ainda me acontecem mostram como ainda a “ficha não caiu” pra mim... e poderia ser diferente? era um hábito de quarenta e tal anos eu ter você por perto, se não era junto, pelo menos era por perto, conectável, se quisesse, pronto. "Quem é vivo, sempre aparece".

Todo dia lembro de você, todo dia penso em você, todo dia sinto sua falta. E poderia ser diferente?

Mario, que loucura. Não dá pra acreditar!!!! de um dia pro outro, não vou te ver NUNCA MAIS, não vou falar contigo NUNCA MAIS. NUNCA MAIS, isto é que dói. Daqui pra frente, telepatia, vibração, pensamento e lembrança.

Uma vida arrancada do mundo, que nem uma árvore que se corta fora, um boi que se abate. Como se acostumar com este interrupção tão violento e radical? o que acontece com este sentimento todo que tá vivo, saindo de mim, procurando por você? não dá pra separar a vida em pedaços isolados, as marcas do que foi não são leves... ao contrário, o passado vai estar sempre presente, e tenho que aprender a transformar isto em algo doce e não tão doloroso.

Semana que vem, dia 17, era o dia do nosso show no Valansi!!!

Faz um mes que a gente não se fala!!!

Tanta coisa pra comentar contigo, tanta. Mas por agora, só estas cartas mentais.

Um mes. Pra este dia posto aqui a sua música que mais gosto, dentre tantas. Tem tudo a ver com este momento, eu e você.

ESTRÉIA (Mario Jansen)

E CADA DIA CHEGA A UM TERMO
A CADA DIA RECOMEÇA SEMPRE QUASE TUDO IGUAL
É ASSIM
BASTA UM LEVE SOPRO E QUANDO
SE VAI VER, JÁ É
E CADA NOITE TRAZ O SEU AMANHECER
É QUANDO TUDO SE DISFAZ
E SE REFAZ
PASSO A PASSO QUANDO A GENTE
VAI VER, JÁ NÃO É MAIS
E ONDE FOI PARAR O TEMPO TODO
QUE AGORA MESMO ESTAVA AQUI?
EU NÃO SEI
É SÓ A SENSAÇÃO DE ESTAR
LIVRE NA IMENSIDÃO
E CADA MEIO DIA O SOL A PINO
A ALMA EXPLODE DE PRAZER
É ASSIM
A CADA INSTANTE UMA ESTRÉIA
TODA VEZ
E MAIS OUTRA VEZ

26 January 2011

Mario Jansen

Hoje faz 2 semanas que Mario desapareceu da Terra, brutalmente atingido pelos deslizamentos em Friburgo. Sem aviso prévio, sem despedidas, sem estarmos preparados, de repente, em segundos. Na sua fase de vida mais feliz, levando um pedaço de mim.

40 anos de convívio. E justamente agora, quando estávamos mais próximos que nunca, vivendo e trabalhando juntos, em harmonia e com muita coisa ainda pela frente pra viver. O começo de uma nova estrada.

Cadê chão?

Não consigo retomar meus passos. Como? se o que aconteceu não tem sentido nem lógica, narrado por um louco, significando nada... absolutamente nada.....

Aqui uma música que fizemos em 89.


POEIRA DO TEMPO
nossa amizade provou
a poeira do tempo
descobriu a verdade do vinho
partiu pra procurar
pra depois voltar
ensinar aquilo que marcou
dando abrigo e carinho
em cada grade e perigo
mostrando como se perde o medo
do fundo do mar
cúmplices do mesmo sonho
cúmplices do mesmo sonho

em cada trilha escondida
é o sol que guia
não importa estarmos distantes
ao nos reencontrar
é como se viveu
sempre juntos compreendendo bem
tudo tudo que a vida
fez da gente e da nossa ilusão
cada dor cada ferida
vira fruto pra colher
pra colher na próxima estação
vira fruto pra colher
pra colher na próxima estação

26 December 2010

apenas bons amigos

outro exercício para não esquecer como se faz isto. Música minha, arranjo também, Nelson na guitarra, um luxo!!

adeus ano velho



E viva ano novo, que num instante vai virar ano velho de novo como sempre é, e assim vai, e assim por diante, e assim para sempre, e ainda bem! Se a gente vive e revive isto ano após ano, é sinal de que estamos vivos. Por fora, parece tudo igual, mas se a gente for olhar melhor, vamos ver que muuuita coisa mudou, só parece igual.

O que sobra disto tudo? a família e os amigos. Em qualquer hora, não tem nada que se compare, não há contra-indicação.

Não vou nem fazer resoluções de ano novo, nem planos nem previsões. To entrando de peito aberto, pronta pra qualquer coisa. Como aliás já estou. Porque eu, a cada dia, me sinto alterando (adoro o Waly naquele filme Pan-Cinema Transcendental, dizendo que adora esta palavra- ALTERAR: transformar em outro, mudar) o que penso, o que sinto, o que quero, o que vejo, o que respiro, o que como, o que me faz bem, o que me envenena, como vivo, como entendo. Sou esta metamorfose ambulante (Raul) cada vez mais ambulantemente metamorfoseando. Como água, se amoldando a cada curva do rio, a cada fase da lua, a cada pedra no caminho, a cada queda, fluindo por cima, por baixo, pelos lados, ora mansa, ora braba, mas sempre seguindo o seu curso.

Criança... velhinha... e dentro deste corpo bacana, espero manter esta mente boa raciocinando na medida do possível -esperta, clara, pensante- e este espírito insatisfeito sempre buscando mais e melhor e diferente.


08 November 2010

06 November 2010

mil e uma noites

E agora estou tentando colocar uma música aqui no blog. Esta é Mil e Uma Noites, minha e do Nelson, do LP Fome de Javali, produção independente.

train a'coming

Opa! Maína me ensinou como importar vídeos pro blog!!! aqui está um show com Mario Jansen no Rio, 2008, a música é o Train a'Coming, tradicional.


bubu

Este é o filhotinho de urubu que apareceu no quintal. Inteiramente dependente e indefeso. E também foi Maína que me ensinou a fazer isto. Passamos a tarde no skype, ela mostrando timtim por timtim... nem selecionei as fotos direito, tem umas inteiramente fora de foco, mas era pra ser um teste, agora vai ficar aí mesmo, como primeiro slideshow do blog.

02 October 2010

show!!! show!!! show!!!


Mais um show pra animar a noite, e alegrar o planeta com música música música. Desta vez, em Friburgo. Com Mario Jansen no teclado, um show de Blues, é claro: Memphis Minnie, Bessie Smith, Billie Holiday, BBKing, Thelonious Monk, Cole Porter, um repertório de clássicos e também de jóias garimpadas com esmêro, desconhecidas pelo grande público bluseiro. Animação geral. Tempo bom, depois de uma chuvinha discreta na véspera, até deu pra tirar o casaco e ficar leve, leve, braços ao vento. Uma delícia total.
adorei esta, apesar de fora de foco, tremida, é tão... etéreo...
uma visão diferente, de quem está do lado de fora
agora um solo, Mario
olha ele aí em ação

11 September 2010

fotos da inauguração


Pronto!! eis-me aqui com meus gatinhos, aliás, de minhas só tem as aquarelas, porque os gatinhos são "filhotes" da Suzy... mas convivi com eles e tivemos uma relação muito bacana que me deixou muita saudade quando nos separamos... Senti um prazer enorme em pintá-los!
esta é a Zumpi
e este, o Jack
Milton também é da turma, e olha que poderosa esta águia, e abaixo a suave vitória-régia, ambas pintadas por ele:
O CEDIM, onde está a exposição, é um belíssimo casarão antigo todo reformado, vale a pena conhecer:

Aqui, uns flashes do público animado:



Agora, os aquarelistas. Primeiramente, a minha turma noturna das terças, depois todos os alunos com ela, a querida mestra Verônica, no centro de azul, écharpe azul.
PARABÉNS A TODOS!!!!!
Quem ainda não foi, que vá, e quem foi, aproveita pra curtir um pouco mais!!!!

Caleidoscópio



Opa opa, ó eu aqui chegando para anunciar, pois ainda dá tempo, a exposição Caleidoscópio de aquarela das turmas da Verônica, das quais sou uma aprendiz. A inauguração foi dia 23 de agosto, e fica até 16 de setembro. Eis aqui o convite, frente e verso. Aproveitem, que é a última semana.

02 August 2010

o polvo profeta


Não posso deixar de escrever aqui, ainda que rapida e tardiamente, sobre a figura de mais destaque da última Copa: Paul, o polvo profeta, que já entrou na História! O caso é inteiramente SURREAL, muito doido, inexplicável, delicioso, hilário. Casos assim desafiam toda e qualquer lei. E o melhor: é tudo verdade!!!

Pra quem tá chegando agora, Paul é morador de um aquário de Oberhausen, Alemanha e acertou todos os palpites dos jogos em que a equipe alemã participou, inclusive a inesperada vitória da Sérvia, na primeira fase. Depois, as vitórias da Alemanha sobre Austrália, Gana, Inglaterra e Argentina. E deste modo: havia 2 recipientes, cada um com as respetivas bandeiras dos times que iriam jogar. Dentro de cada uma delas puseram um molusco, e Paul escolhia o molusco do recipiente do time vencedor, mas isto ANTES do jogo acontecer!!!

Quase um mes depois, ainda escuto na TV e leio no jornais notícias sobre ele!!! Que vai se aposentar e viver num lindo aquário. Que um site de apostas russo está pagando uma fortuna para tê-lo trabalhando pra eles... Espero que tenha gente da Sociedade Protetora dos Animais acessorando, senão a ganância dos seres humanos à sua volta pode levá-lo à morte... não morre gente por ganância? então! ele tem que providenciar rapidamente um bom empresário, senão vai virar escravo, advinhando direto sem poder dormir, comendo moluscos 24 mil vezes por dia pra acertar a loteria, engordando, pressão alta etc etc etc...

Que simpatia esse bicho. Gamei. Com os olhos sonolentos, parece que tem um narigão, lembra um leão marinho, numa foto lembra até um jacaré com os dentes de fora, sorrindo...

Alguém que não quer acreditar no absurdo da vida, inteiramente desprovido de poesia, disse que Paul ia sempre na caixa da direita, mas é mentira. Basta ver esta foto em que ele escolhe a Alemanha à esquerda e ignora a Inglaterra, na direita.


Fora outros palpites que ele deu sem ser nas quartas de final, e que não cheguei a saber. Só sei que ele teve 100% de acertos. Isto é que é entender de futebol!!!!



Ouvi um boato: estão querendo repaginar a bandeira espanhola, em homenagem a Paul, que apostou na vitória da Fúria. Ficaria assim: