12 February 2011

carta para Mario

Hoje faz um mes que você morreu, meu querido. Nas enchentes de Friburgo.

Que loucura. É besteira tentar entender, é bobagem dar palavras aos sentimentos que ainda (e sempre) estão (e estarão) dentro daqui de mim, num lugar em que a razão não tem vez. A parte do meu cérebro que formula palavras tá dormente.

Foi tudo tão totalmente inexplicável, totalmente impensável, totalmente intraduzível, totalmente inaceitável, totalmente absurdo total.

Um dia cheguei em casa e por um instante me deu na veneta de te ligar, contando que encontrei a Lucinha (da Luli), e que falamos do que havia acontecido. No outro, por um segundo me passou pela cabeça de te reenviar o email tão carinhoso da Maribel lembrando de você, daquele tempo bom que passamos em Barcelona, e me dando forças pra suportar esta perda. Estes e vários outros exemplos que ainda me acontecem mostram como ainda a “ficha não caiu” pra mim... e poderia ser diferente? era um hábito de quarenta e tal anos eu ter você por perto, se não era junto, pelo menos era por perto, conectável, se quisesse, pronto. "Quem é vivo, sempre aparece".

Todo dia lembro de você, todo dia penso em você, todo dia sinto sua falta. E poderia ser diferente?

Mario, que loucura. Não dá pra acreditar!!!! de um dia pro outro, não vou te ver NUNCA MAIS, não vou falar contigo NUNCA MAIS. NUNCA MAIS, isto é que dói. Daqui pra frente, telepatia, vibração, pensamento e lembrança.

Uma vida arrancada do mundo, que nem uma árvore que se corta fora, um boi que se abate. Como se acostumar com este interrupção tão violento e radical? o que acontece com este sentimento todo que tá vivo, saindo de mim, procurando por você? não dá pra separar a vida em pedaços isolados, as marcas do que foi não são leves... ao contrário, o passado vai estar sempre presente, e tenho que aprender a transformar isto em algo doce e não tão doloroso.

Semana que vem, dia 17, era o dia do nosso show no Valansi!!!

Faz um mes que a gente não se fala!!!

Tanta coisa pra comentar contigo, tanta. Mas por agora, só estas cartas mentais.

Um mes. Pra este dia posto aqui a sua música que mais gosto, dentre tantas. Tem tudo a ver com este momento, eu e você.

ESTRÉIA (Mario Jansen)

E CADA DIA CHEGA A UM TERMO
A CADA DIA RECOMEÇA SEMPRE QUASE TUDO IGUAL
É ASSIM
BASTA UM LEVE SOPRO E QUANDO
SE VAI VER, JÁ É
E CADA NOITE TRAZ O SEU AMANHECER
É QUANDO TUDO SE DISFAZ
E SE REFAZ
PASSO A PASSO QUANDO A GENTE
VAI VER, JÁ NÃO É MAIS
E ONDE FOI PARAR O TEMPO TODO
QUE AGORA MESMO ESTAVA AQUI?
EU NÃO SEI
É SÓ A SENSAÇÃO DE ESTAR
LIVRE NA IMENSIDÃO
E CADA MEIO DIA O SOL A PINO
A ALMA EXPLODE DE PRAZER
É ASSIM
A CADA INSTANTE UMA ESTRÉIA
TODA VEZ
E MAIS OUTRA VEZ

1 comment:

Suzy said...

Tentando nao pensar para nao sentir, hoje leio seu blog e as lagrimas vem....apesar de estar tao longe dele nos ultimos anos, tem um lugar em mim em que ele sempre esteve perto....como um irmao. As lembrancas sao muitas .....e a compreencao para entender o que aconteceu ainda irreal. Duro,dificil,doloroso, daqui....pra voce nao tem palavras. Meu Amor