26 December 2010

apenas bons amigos

outro exercício para não esquecer como se faz isto. Música minha, arranjo também, Nelson na guitarra, um luxo!!

adeus ano velho



E viva ano novo, que num instante vai virar ano velho de novo como sempre é, e assim vai, e assim por diante, e assim para sempre, e ainda bem! Se a gente vive e revive isto ano após ano, é sinal de que estamos vivos. Por fora, parece tudo igual, mas se a gente for olhar melhor, vamos ver que muuuita coisa mudou, só parece igual.

O que sobra disto tudo? a família e os amigos. Em qualquer hora, não tem nada que se compare, não há contra-indicação.

Não vou nem fazer resoluções de ano novo, nem planos nem previsões. To entrando de peito aberto, pronta pra qualquer coisa. Como aliás já estou. Porque eu, a cada dia, me sinto alterando (adoro o Waly naquele filme Pan-Cinema Transcendental, dizendo que adora esta palavra- ALTERAR: transformar em outro, mudar) o que penso, o que sinto, o que quero, o que vejo, o que respiro, o que como, o que me faz bem, o que me envenena, como vivo, como entendo. Sou esta metamorfose ambulante (Raul) cada vez mais ambulantemente metamorfoseando. Como água, se amoldando a cada curva do rio, a cada fase da lua, a cada pedra no caminho, a cada queda, fluindo por cima, por baixo, pelos lados, ora mansa, ora braba, mas sempre seguindo o seu curso.

Criança... velhinha... e dentro deste corpo bacana, espero manter esta mente boa raciocinando na medida do possível -esperta, clara, pensante- e este espírito insatisfeito sempre buscando mais e melhor e diferente.


08 November 2010

06 November 2010

mil e uma noites

E agora estou tentando colocar uma música aqui no blog. Esta é Mil e Uma Noites, minha e do Nelson, do LP Fome de Javali, produção independente.

train a'coming

Opa! Maína me ensinou como importar vídeos pro blog!!! aqui está um show com Mario Jansen no Rio, 2008, a música é o Train a'Coming, tradicional.


bubu

Este é o filhotinho de urubu que apareceu no quintal. Inteiramente dependente e indefeso. E também foi Maína que me ensinou a fazer isto. Passamos a tarde no skype, ela mostrando timtim por timtim... nem selecionei as fotos direito, tem umas inteiramente fora de foco, mas era pra ser um teste, agora vai ficar aí mesmo, como primeiro slideshow do blog.

02 October 2010

show!!! show!!! show!!!


Mais um show pra animar a noite, e alegrar o planeta com música música música. Desta vez, em Friburgo. Com Mario Jansen no teclado, um show de Blues, é claro: Memphis Minnie, Bessie Smith, Billie Holiday, BBKing, Thelonious Monk, Cole Porter, um repertório de clássicos e também de jóias garimpadas com esmêro, desconhecidas pelo grande público bluseiro. Animação geral. Tempo bom, depois de uma chuvinha discreta na véspera, até deu pra tirar o casaco e ficar leve, leve, braços ao vento. Uma delícia total.
adorei esta, apesar de fora de foco, tremida, é tão... etéreo...
uma visão diferente, de quem está do lado de fora
agora um solo, Mario
olha ele aí em ação

11 September 2010

fotos da inauguração


Pronto!! eis-me aqui com meus gatinhos, aliás, de minhas só tem as aquarelas, porque os gatinhos são "filhotes" da Suzy... mas convivi com eles e tivemos uma relação muito bacana que me deixou muita saudade quando nos separamos... Senti um prazer enorme em pintá-los!
esta é a Zumpi
e este, o Jack
Milton também é da turma, e olha que poderosa esta águia, e abaixo a suave vitória-régia, ambas pintadas por ele:
O CEDIM, onde está a exposição, é um belíssimo casarão antigo todo reformado, vale a pena conhecer:

Aqui, uns flashes do público animado:



Agora, os aquarelistas. Primeiramente, a minha turma noturna das terças, depois todos os alunos com ela, a querida mestra Verônica, no centro de azul, écharpe azul.
PARABÉNS A TODOS!!!!!
Quem ainda não foi, que vá, e quem foi, aproveita pra curtir um pouco mais!!!!

Caleidoscópio



Opa opa, ó eu aqui chegando para anunciar, pois ainda dá tempo, a exposição Caleidoscópio de aquarela das turmas da Verônica, das quais sou uma aprendiz. A inauguração foi dia 23 de agosto, e fica até 16 de setembro. Eis aqui o convite, frente e verso. Aproveitem, que é a última semana.

02 August 2010

o polvo profeta


Não posso deixar de escrever aqui, ainda que rapida e tardiamente, sobre a figura de mais destaque da última Copa: Paul, o polvo profeta, que já entrou na História! O caso é inteiramente SURREAL, muito doido, inexplicável, delicioso, hilário. Casos assim desafiam toda e qualquer lei. E o melhor: é tudo verdade!!!

Pra quem tá chegando agora, Paul é morador de um aquário de Oberhausen, Alemanha e acertou todos os palpites dos jogos em que a equipe alemã participou, inclusive a inesperada vitória da Sérvia, na primeira fase. Depois, as vitórias da Alemanha sobre Austrália, Gana, Inglaterra e Argentina. E deste modo: havia 2 recipientes, cada um com as respetivas bandeiras dos times que iriam jogar. Dentro de cada uma delas puseram um molusco, e Paul escolhia o molusco do recipiente do time vencedor, mas isto ANTES do jogo acontecer!!!

Quase um mes depois, ainda escuto na TV e leio no jornais notícias sobre ele!!! Que vai se aposentar e viver num lindo aquário. Que um site de apostas russo está pagando uma fortuna para tê-lo trabalhando pra eles... Espero que tenha gente da Sociedade Protetora dos Animais acessorando, senão a ganância dos seres humanos à sua volta pode levá-lo à morte... não morre gente por ganância? então! ele tem que providenciar rapidamente um bom empresário, senão vai virar escravo, advinhando direto sem poder dormir, comendo moluscos 24 mil vezes por dia pra acertar a loteria, engordando, pressão alta etc etc etc...

Que simpatia esse bicho. Gamei. Com os olhos sonolentos, parece que tem um narigão, lembra um leão marinho, numa foto lembra até um jacaré com os dentes de fora, sorrindo...

Alguém que não quer acreditar no absurdo da vida, inteiramente desprovido de poesia, disse que Paul ia sempre na caixa da direita, mas é mentira. Basta ver esta foto em que ele escolhe a Alemanha à esquerda e ignora a Inglaterra, na direita.


Fora outros palpites que ele deu sem ser nas quartas de final, e que não cheguei a saber. Só sei que ele teve 100% de acertos. Isto é que é entender de futebol!!!!



Ouvi um boato: estão querendo repaginar a bandeira espanhola, em homenagem a Paul, que apostou na vitória da Fúria. Ficaria assim:

01 August 2010

micos na janela


Micos na janela da minha sala. Cortei umas rodelas de banana para atrai-los, e cá estão. Há muito tempo não têm aparecido aqui na frente, na árvore. São lindos. Adoro esta aproximação com bichos não domesticados. E o entendimento que acontece entre nós e eles...

Como se parecem conosco. As expressões. As atitudes. Me olham olho no olho, e tento passar um sentimento de confiança. Podem vir, que tem uma bananinha aqui. Primeiro ficam na árvore, só estudando a situação. Cabreiríssimos (e com toda a razão, porque nunca se sabe o que esperar destes humanos!), vão se chegando aos poucos. E cada um tem a sua personalidade, é que nem gente. Existe uns bem audazes, que acabam comendo por si e pelos outros, e outros que nem têem coragem de se aproximar, ficam só olhando de longe... morro de pena destes outros, e até me identifico com eles, tímida que sou. Mas como geralmente aparecem em bandos, uns mais valentes acabam dando coragem aos outros, e quando vou ver, tem seis pendurados na janela. Que privilégio essa troca.





02 July 2010

perdemos...


Tão bons no primeiro tempo. Tão desequilibrados no segundo. Que tristeza...

01 July 2010

copa do mundo


Copa do Mundo não é só futebol. Porque se fosse, eu não me interessaria tanto. Bem, nem me interesso tanto assim, não sou uma torcedora de fato, mas fico acompanhando de longe os fatos, fofocas, colunas, bate-papos, entrevistas, e tenho assistido a todos os do BR, apesar de esquecer na semana seguinte quem jogou com quem. Acontece que se trata dos melhores times do mundo, e os melhores jogadores em campo. É bonito de se ver. Uma arte. A nossa seleção é valente, Deus é brasileiro, jogo é jogo, sorte é sorte, e ela é responsável por muita coisa que rola naquele campo!!!

Adoro a festa que é a Copa, e você sabe: alegria é contagiante!!! as torcidas apaixonadas são um espetáculo à parte. Cores (e por falar nisto, como combinam bem o verde e o amarelo!!!!), bandeiras, ruas enfeitadas, gente pintada, criatividade, chapéus extravagantes, cumplicidade, sentimento de pertencer a uma “família”. Sofrer, sorrir, chorar, rir, abraçar, xingar e até morrer, porque tem gente que morre, o coração não aguenta tanta emoção...

Ganhar é bom, mas lágrimas do time perdedor são de cortar o coração. Deveria ser assim: se um time está ganhando por 2 ou 3 gols, e o outro estiver no 0, bem que podia deixar o outro fazer pelo menos unzinho, né não? aí a tristeza fica menor... mas jogo não é assim, dizem os meus amigos, então chego à conclusão de que não gosto de jogo...

E as vuvuzelas? falam tão mal delas, mas entre eu e você, acho lindo aquele som de um enxame de abelhas, ainda mais quando não são abelhas e sim vuvuzelas, que não mordem... É um som que me lembra um mantra, um moto-contínuo, uma gaita de fole e é incrível porque quem faz a continuidade do som é toda uma população, é um sopro começando, o outro tomando fôlego, pra começar quando o outro acaba. Isto multiplicado por um milhão, o que resulta nesse som contínuo, ininterrupto. É muito bonito. O som de uma tribo.

Jamais iria assistir ao jogo na praia de Copacabana, ou num bar, ou em qualquer lugar de aglomeração. Seria um castigo. Tenho ficado em casa com Nelson e Milton, vestindo a minha linda camiseta desta copa:


A novidade é entrar no skype com Lili e Suzy que moram nos Estados Unidos. Não dá pra ver a imagem porque somos 3 e às vezes 4 (quando a Maína aparece), e não sei como configurar a imagem para mais de 2, então só temos o áudio. Mas é divertido: elas torcem mais do que eu!!! e descobrimos que lá tem um delay de muitos segundos em relação à transmissão daqui, então não posso me empolgar muito, senão perde a graça pra elas, que reclamam. É engraçado ouvi-las torcendo por uma jogada que já sei como vai acabar...

Amanhã tem BR e Holanda, vamos ver se as cachorras vão assistir ao jogo com a gente na sala. É, porque se BR não “estufar a rede” holandesa, elas vão ficar na varanda como de costume, mas se acontecer um gol e vem aquele foguetório, elas vão ficar histéricas arranhando a porta tresloucadamente, até abrirmos, quando então jogar-se-ão pra dentro sem o menor pudor ou escrúpulo. Esperemos que isto aconteça hehehe...

30 June 2010

carregada no colo


Nada mais louco que um acidente inusitado. Ontem caiu no peito do meu pé um ferro que segura as toalhas no banheiro. Na hora doeu muito, deu vontade jogar o troço pela janela afora, mas a dor era tanta, que não conseguia fazer nada mais que me contorcer em caretas de horror. Entrei no chuveiro, estava com pressa, tinha que sair. Depois passou, saí, voltei, almocei, saí de novo, e no final da tarde, andei do Catete até o Flamengo.

Era dia do meu esperado açaí no Tacacá. Sentei e pedi, aí sentada notei que uma dorzinha no local da pancada estava se evoluindo em progressão geométrica. As últimas colheradas já foram aflitivas. Fui numa clínica ortopédica que- sorte! ficava no Largo do Machado. Sorte. Aquela hora já não era hora de nenhuma urgência, dali a pouco iria fechar, e só tinha eu. Fui atendida rapidamente pelo único médico que ainda estava por ali. Tirou-se a chapa. Perguntei ao chapeiro se tinha quebrado. Ele, com um olhar misterioso, falou que o médico iria me dizer. Fiquei apreensiva: por que será que ele não quis falar? vai ver que quebrou. Aiaiaiaiai... Mas nada disso, o médico me liberou, gelo e repouso. Fui capengando pra aula de aquarela.

Chegando, começou uma dor tamanha, apesar do gelo que apliquei, que mal dava pra pintar, mas pintei sei lá como, entre caretas, arrepios de dor e pontadas cada vez mais fortes, mesmo paradinha, quieta. Quinze minutos antes de terminar a aula, eu já estava prontinha pra embarcar pra casa. Táxi, eu pulando que nem saci de jeans, paletó, cachecol e mochila.

Ao chegar na porta de casa, olhei desolada pra escadaria que teria que enfrentar. Como subir? não dava pra enconstar o pé no chão. Nem reconhecia o pé, não parecia meu, gordinho, aqueles dedinhos estufados que não podiam mexer de tão duros, vermelho de inchaço, parecia que iriam explodir. Eu teria que subir de bunda, um degrau atrás do outro. Foi quando os seguranças do restaurante em frente se compadeceram da cena, um saci urbano pulando fora do taxi, e se ofereceram a me levar até o portão, e depois tiraram par ou ímpar (hehe... mentira!), e um deles, um anjo, me carregou nos braços escadaria acima, e perguntou pro Nelson, que estava inteiramente despreparado para tal cena -onde a coloco? e cuidadosamente me recostou no sofá. Chiquééééérrimo!!!!!!

Que cena deslumbrante!!! coisa de cinema!!! eu sendo carreganda no colo escadaria acima... me senti o máximo!!!

E agora estou aqui, um dia já se passou, de molho, de repouso. Compromissos adiados. Andar, nem pensar. O pé já não doi tanto, e o inchaço diminuiu, mas não dá pra encostar o pé no chão ainda.

Como é importante conseguir por os dois pés no chão, sem dor!!! é uma coisa tão simples, mas tão básica!! não prestamos atenção a isto quando estamos bem, só quando somos forçados a parar.

Tenho me virado com a cadeira do computador, que tem rodinhas. Vivendo uma outra experiência, e não estou me saindo mal, pelo contrário. A única coisa é que leva um tempão pra fazer tudo, atravessar o corredor pra ir ao banheiro é uma luta, depois pegar um copo de água na cozinha, outra luta. Dramático. Por isso fiz um QG, peguei uma porção de utilidades e pus num cestinha, telefone inclusive, que vai junto comigo. Mas tá bom. Aproveitar pra ler, escrever no blog, ouvir música, pensar, descansar. Coisas que nunca são priorizadas no meu corre-corre diário.

Só mesmo uma paulada no pé pra eu parar, mas como é bom poder pisar.

15 June 2010

exposição de aquarelas


Hoje que reparei!!! nem registrei aqui a nossa exposição de aquarelas no SESC de Friburgo, pensei que tivesse, mas não!!! fui atropelada por acontecimentos extra-previsíveis que me levaram rodamoinhando até a crua constatação desta falha. Que lacuna, que hiato!!! bem, nunca é tarde, vou mostrar agora um pouquinho do muito que foi.

Muuuuito bom. A exposição era nosso, dos alunos da Maria Verônica Martins, e foi a primeira de que participo, ai que emoção!! A abertura foi no dia 30 de abril, já a viagem pra Friburgo, uma gostosura (adoro viajar, nem que seja pra perto)... peguei o ônibus das 4 da tarde no Menezes Cortes e uma chuvinha subindo a serra, muito bom. Friozinho. Lá o Mario me esperava na rodoviária, me deixou no hotel e fomos por os papos em dia, regados a um rodízio de sopas, uma delícia pra aquela temperatura aconchegante. Sair da rotina, que delícia!!

No dia seguinte, encontrei com Verônica e turma e ajudamos a montar.
Verônica, Luciano e eu medindo e montando

De noite foi ótimo, muita gente, suco de abacaxi com hortelã e gengibre, várias pastinhas deliciosas, rever amigos e conhecer outros, num clima pra lá de feliz.

Aqui vão mais fotos. Milton também participou, ele com suas flores e eu com os meus gatos. Parece que em agosto vai ter outra, só que aqui no Rio. Aí mando convite pra todo mundo, e vamos ver se dessa vez os hiatos não me atropelam rsrsrs...
aí os meus trabalhos

com Milton

com Verônica

Verônica e seus alunos Anna, Margarida, euzinha, Milton e Luciano
feliz

09 June 2010

sapinho, pererecas... e rãs


Aparecem do nada na nossa vida, e vão embora sem pestanejar no dia seguinte, silenciosos e sem deixar rastro. Pra onde eles vão? pra onde foi este sapinho que amanheceu neste vaso de plantas? de onde ele veio? não tenho lago, piscina ou poço... sei que os anfíbios foram os primeiros vertebrados a ocupar o solo terrestre, graças ao seu pulmão e às suas patas. Mas eles precisam de água por perto... como viver? como reproduzir? e de novo, como surgiu este bichinho, descansando à sombra de uma planta, num vaso de uma casa em Santa Teresa???

Parece tão tranquilo aí... nem se mexeu quando o flash disparou. Será que me viu? o olho dele nem se mexeu, nem se mexeu, nem piscou, ficou absolutamente imóvel. Uma pequena criatura que não tem medo de gente. Ainda bem que os gatos e as cachorras não o encontraram, mas... como foi que ele chegou até aqui?? deve ter passado por elas, e por outros perigos até alcançar este vaso.

Agora, perigo mesmo estão correndo as pererecas da Floresta Nacional Mario Xavier!!! Trata-se de uma reserva do Ibama que foi cortada pelo Arco Rodoviário em construção, que ligará Itaboraí ao Porto de Itaguaí. O projeto inicial não previa passar por ali, mas sim pelo pedágio da Rio-SP, ali na altura de Seropédica. Mas como não queriam mexer no pedágio, resolveram cortar pela reserva que fica ao lado. Depois que isto foi feito, descobriram as pererecas, as physalaemus soaresi, que não se encontram em nenhum outro lugar no mundo!!! condenando assim as coitadas à extinção... Agora resolveram cercar o Arco e construir 2 passarelas para que as pererecas circulem por baixo, mas isto é uma solução duvidosa pois além de ser bastante custosa, a fumaça e o ruído dos veículos vão poluir a reserva. Não podia era atravessar assim esta floresta, que absurdo!!! não precisa ser doutor pra ver o absurdo que é isto...

Coisa curiosa: nesta floresta não tem peixes, mas quando chove, a região fica cheio de banhados, aí aparecem pequenos peixes. O povo do lugar diz que são os peixes das nuvens, mas é que os ovos deles ficam ali parados, latentes, vivendo em suspense até que chove, quando então viram vida e se tornam peixes...

Voltando aos sapos. Quando eu era pequena, muitas vezes eu passava as férias no sítio da Zeldi em Sacra Família. Lá a gente adorava pegar sapo nas mãos, era gostoso, depois soltava... nem sabíamos que tinha sapo venenoso, sapo que mata, a gente pegava na maior inocência, sem medo, sem nojo, com encantamento. E claro, tivemos sorte, porque nenhum daqueles era igual a aquele que matou o Ruschi...

-E quanto às rãs?- estão me perguntando. Bem, sabe que não tem coisa melhor pra limpar o sangue do que caldinho de rã, e dar uma revigorada geral ? podemos encontrar, não muito facilmente, os pacotes congelados com aqueles corpinhos sem pele, já prontos para cozinhar. Mas é chocante, porque parecem bailarinas de 20 cms, bailarinas porque as coxas são supertrabalhadas. Tirei uma foto, quem quiser, me pede que mostro. Mas só se pedir...

E pra terminar, outra notícia sapal. Na Grécia teve uma saparia louca, milhares de milhões de sapos invadiram a rodovia de Tessalônica, na cidade de Langadas no norte do país. Tres carros derraparam na tentativa de evitar os sapos, e a rodovia foi fechada por duas horas.

Croac, croac croac....

21 May 2010

ninho


Os pássaros foram os primeiros arquitetos da face da Terra.

No outro dia estava eu andando aqui no quintal, e encontrei esta preciosidade. Fiquei ali parada, apreciando esta construção tão complexa, tão leve, tão perfeita. Não era a primeira vez que ficava cara a cara com um ninho de passarinho, mas cada vez que isto acontece, fico comovida. Como é que aqueles bichinhos conseguem fazer algo assim? sem mãos, só com o bico e aqueles pés aparentemente desajeitados? Já fiquei observando-os trabalhar: saltitantes, com movimentos rápidos e vigorosos, vão tecendo a sua casinha. Sabem exatamente como fazer... vão trazendo capim, gravetos. Que sabedoria, que habilidade.

Até os dias de hoje, somos inspirados por estas pequenas obras de arte. Lembra-se do palco de abertura e encerramento das Olimpíadas em Pequim de 2008? o Estádio Nacional, o principal estádio do país se chama Ninho de Pássaro (Niao Chao): feito de estruturas expostas de ferro e aço que se entrelaçam, lembra justamente um ninho de passarinho, considerada a jóia da nova arquitetura chinesa. Este é apenas um exemplo, das muitas que existem.

Tecer. Voar. Cantar. Os pássaros têm muito a me ensinar. Olho pro céu, e peço a sua bênção.

11 April 2010

adeus, semínima minha



Semínima estava com hipertireoidismo -entre outras coisas mais banais- tomando remédio humano... há um ano e meio ficamos tentando equilibrar estas taxas, com muito sucesso... mas o medicamento era tóxico, já havia atacado seu fígado uma vez... enfim... tudo meio bambo... volta e meia eu levava pra exame de sangue... emagrecia... recuperava um tiquinho... vomitava... melhorava... e agora de repente esta diarréia escura... esta falta total de apetite... tres dias e noites sem comer...

Uma pluminha ao léu. Uma velinha que se apagou. Um anjinho que recebeu o chamado da deusa egípcia Bastet e foi encontrar-se com ela. Mas não consigo ainda me conformar.

Será que estaria viva ainda se eu não a tivesse levado pra internar? tentei em casa, fiquei dando água de arroz e água de côco na seringa pra hidratar e alimentar, mas seria isto o suficiente? e por quanto tempo? E se ela morresse em casa? daí eu ficaria com culpa de não ter tentado salvá-la, tentado reverter a situação, tentado alguma coisa... tentado pelo menos. Quem sabe, ela poderia ter escapado de mais essa? pularia do barco do Caronte?

Não pulou.

Fomos enterrá-la no quintal. Tudo muito úmido da tempestade assassina de dois dias atrás. A folhagem toda verde vibrante brilhante, a terra molhada. Fresquinha. Cheia de vida. Cores fortes. Pulsante. E ela ali, inerte, que contraste da porra!!! Não tive coragem de olhar. Fiquei abraçada com a caixinha, sentindo seu peso-pluma no meu colo, mas não mais o seu calor. Conversando com ela, enquanto Milton cavava. Depois, ele cortou 2 lindas folhas de costela-de-adão gigantes, uma pra deitar seu corpinho, outra pra cobri-la antes de jogar a terra e colocar as pedras. Nesta hora, olhei pro céu.

Enterramos minha preta ao lado de Ismael e Mia. Enfeitei o seu túmulo com flores do jardim, plantei uma AMOReira e umas maria-sem-vergonhas em volta. Fiquei ali com ela, cantei a sua música (letra em cima da melodia de Frenezi):

eu amo tanto a Semínima
adoro tanto a Semínima
preciso tanto da Semínima
Sema semá minimá
minimá minimá

Adeus, minha preta mais linda, minha gata mais adorada, minha amiga, meu coração.

semínima



Morreu Semínima, minha gata preta, minha nota preta musical, de nariz preto lustroso, nariguda de olho preto que me olhava, e quando me encarava, ia lá pro fundo da minha alma. Morreu a minha amada gata, a que não podia morrer e me deixar deste jeito.

A que me buscava no portão todos os dias, na chuva, no sol, de noite ou de dia. Aí eu pegava-a no colo e ia subindo com ela até a varanda.

A que eu escovava por ser a mais peluda e que no ano passado teve que ter a barriga tosada, tadinha, de tantos dread-locks duros que haviam se formado. Porque no inverno ela adotava um casacão de pelo, com um boá em volta do pescoço, e aquilo tudo caía no verão e ela ficava magrinha.

A que eu deixava entrar e ficar em casa mais que os outros, a que eu dava quitutes especiais.

A que bastava eu chamar uma vez só, e lá vinha ela correndo se sacudindo toda, toda rebolativa, quer onde estivesse. Eu adorava.

A que ficava no meu colo, enquanto eu estava no computador. Meio inquieta, é verdade, porque o que ela queria mesmo era uns tiragostos. Mas ficava lá comigo.

A que era boa-boca, sempre disposta a encarar um “bom prato”. Na ceia noturna que eu dou pros gatos todos lá fora de noite, ela ficava até o final lambendo as minúsculas partículas que sobravam dos outros. Destestava um disperdício...

A que quando pariu, pariu logo seis, e gritando que nem gente. Nenhuma gata minha havia tido esta reação, todas pariam em silêncio. Nem consegui ficar ali. Fiquei muito nervosa, mas foi tudo bem.

A que gostava de dormir num banco alto, ao lado do fogão, deixando a cabeça pender até perder o equilíbrio e cair. Aquilo me dava uma aflição... sei lá... podia quebrar o pescoço...

A que eu pronunciava seu nome, e ela me respondia. Quantas vezes eu quisesse. Semínima -miau, semínima -miau, semínima -miau.

A que eu dava comprimido enfiando o dedo na sua boca, sem o menor medo, porque ela jamais iria me morder.

A que nunca brigou com outro gato. Semínima não tinha inimigos. Porque sempre tem umas inimizades num coletivo de gatos. Um rosna pro outro, estranha, dá umas patadas, mesmo os que são da mesma família. Tenho duas gatas, as mais novinhas, irmãs da mesma barrigada. Cresceram juntas a vida toda, uma mora em casa- a Aracy- a outra no quintal- Chiquinha, mas quando as duas se encontram, é um tal de dar patada uma na outra, rosnando... Aracy com Piteca, Fumaça com Aracy, Aracy com Colombina, Ping-Ling com todos... Pois Semínima era uma gata que nunca se indispos com outro, nunca. Mais que isto: tinha uns afetos sinceros, uns amigos do peito: por exemplo com a Colombina. Era um tal de lambe-lambe as duas se lambendo, tia e sobrinha, precisava ver. E também com Ismael, seu melhor amigo, viviam dormindo juntos, encaixadinhos, fazendo companhia um pro outro, até o final da vida dele.

Semínima, meu amorzinho, que saudade sinto de você, minha preta.