26 November 2008

carro das mulheres


É um luxo este carro das mulheres!!! A foto não está lá estas coisas, mas serve pra dar uma idéia do nosso vagãozinho para aqueles que porventura moram fora do Rio e não podem sentir o gostinho desta exclusividade exemplar.

Pra quem não sabe de que estou falando, vou explicar. Em 2006 o Metrô-Rio apareceu com uma novidade: reservou um carro especial só pra mulheres, de 6 às 9 da manhã e de 5 às 8 da noite (medida adotada para os trens para os subúrbios também!!!). Neste horário, homem não pode entrar neste vagão. Ele vem pintado de rosa e dentro tem cartazes de florzinhas e publicidade de marcas de soutiens e calcinhas, com uma enorme mulher pelo carro todo. Logo que eu soube da novidade, fui contra, achava que não tinha nada a ver, achei preconceituoso, discriminatório, ora... me senti até meio ofendida!

Boba! bobona! É a melhor coisa que tem. E depois que vim a saber que houve casos de homem se masturbar em mulher no vagão cheio, achei uma medida super-necessária, imprescindível, devia ter sido posta em prática muito tempo atrás... porque aquilo fica espremido mesmo, neguinho nem vê acontecer. Sei bem o que é uma agressão destas, acho que qualquer mulher nesta cidade já passou por uma (ou mais) situação parecida. E é tanta gente, que parece metrô no Japão, onde tem um guarda do lado de fora empurrando as pessoas pra dentro pra caber.

Antes desta idéia ser posta em prática era um verdadeiro horror, eu preferia viajar em outra condução, mesmo que demorasse mais ou me deixasse um pouco fora de mão. Era impraticável pra mim, impossível viajar no metrô na hora do rush... eu não ia mesmo.

Há uma gravação no interior dos carros, que entre outras coisas informam a existência deste vagão tão especial, e que termina assim: "respeito é bom, e elas merecem". É, porque nem todos respeitam. Na direção pra Zona Norte, tem um guarda vestido de preto em cada estação vedando a entrada de uns masculinos que se fazem de ingênuos e desavisados (ah, eu não sabia...), outros não sabiam mesmo (acho difííííícil...), outros tantos tentam driblar a segurança e se jogam pra dentro na última hora, quando o trem está fechando as portas e não há mais jeito do guarda o segurar. Então o segurança liga pro outro que se encontra na próxima estação com a mesma função e avisa, e finalmente o recalcitrante é retirado ali.

Agora, em direção à Zona Sul, não existe esta fiscalização, certos tipos masculinos entram na maior cara de pau, mas também é mais vazio, então dá pra encarar.

Sempre que estou de tarde na rua e preciso pegar o metrô, me dá aquela sensação de alívio em saber que meu lugarzinho está garantido ali no carro das mulheres. Sim, porque por mais que esteja lotado, sempre tem um fiapinho de lugar esperando a gente, e lotado de mulheres é outra coisa: ce entra e fica à vontade, encostando nos corpos suados, espremida mas feliz!!!!

19 November 2008

flor-de-jade


Conheci este mes, no caminho que faço pra academia, uma das coisas mais lindas. Quem me despertou foi a Lupe, que encontrei caminhando em sentido inverso ao meu... ela tinha acabado de pegar uma, caída na murada de uma casa. Olhei para cima e vi aquele cacho azul turqueza (ou melhor, verde turqueza!). Fiquei apaixonada. Peguei uma também, e trouxe com cuidado pra não danificar. Em casa, fiquei observando como ela ia mudando de cor com o passar dos dias, lilás... azul... até murchar-se em azul-marrom... Vou tentar plantar esta bolinha da flor, pode ser que seja a semente, sei lá... andei pesquisando, parece que ela nasce de estaquia... bem, vou tentar, porque vale a pena. Agora ainda tem um cacho fora da grade da casa, mas tem vários lá dentro, e lá dentro não dá pra pegar as flores caídas...
Li também que é originária das Filipinas (tem toda cara).
Agora minha caminhada até a academia tem mais este atrativo, fico ansiosamente querendo chegar lá pra ver se já nasceu outro cacho, e como estão as que já conheço. É emocionante... tão linda, tão linda, tão sensual... a cor é tão diferente, e seu formato parece uma boca, um pássaro, uma onda, um anjo, um órgão sexual...
Estas fotos são das que estavam caídas, infelizmente ainda não tirei uma do cacho todo, que é um escândalo. Aproveitei pra fazer um "quadrinho" com estas sete.

06 November 2008

OBAMA PRESIDENTE


Ontem cheguei já tarde em casa, e com sono. Mas estava acontecendo a apuração da votação americana pra presidente. Por meses acompanhei esta campanha, ouvindo, lendo, discutindo, me preocupando... porque se Obama ganhasse, iria ser O SONHO, e eu queria sonhar. Revolução no país e também no mundo. Era possível, mas poderia dar tudo errado... racismo, fraude, racismo, preguiça, racismo, mau tempo (votar não é obrigatório), racismo, indecisão, tanta coisa poderia atravancar o caminho, e por tudo a perder. Suspense, emoção emoção emoção.

Me plantei em frente a TV, ora no Globo News, ora no CNN, às vezes ia pra Fox News ver a reação da direita. O resultado foi acontecendo aos poucos, num ritmo crescendo: os primeiros votos, cidades pequenas, somando aqui, ali e acolá. A esta altura eu já estava sem sono, alerta, atenta e terrivelmente ansiosa, mastigando qualquer coisa que achava na cozinha. O povo de Chicago foi se chegando em grupos cada vez maiores ao parque onde foi montado o palco para o suposto discurso da vitória. Isso foi muito emocionante. Parecia que um evento enormemente grandioso e extremamente importante iria acontecer. Incrível isto, porque ainda não se sabia do resultado, mas horas antes as pessoas começaram a se aglomerar, levadas por uma estranha força. Discretamente, aos pouquinhos, pingadinho, homeopaticamente, gente ordeira chegando, chegando, chegando, chegando em grupos cada vez maiores, verdadeiras multidões, gente quieta e discreta. Quando a vitória enfim foi confirmada, esta gente, que até então estava contida, explodiu em festa. YES, WE CAN. OBAMA GANHOU!!! Uma explosão humana de felicidade na tela, nos EUA de ponta a ponta, na minha sala, e no mundo, de norte a sul, leste e oeste. E não parou por aí. Continuou ganhando, passando o número necessário de delegados -270- (sistema de votação que ainda não entendi direito) pra muito mais que o previsto. Vitória avassaladora. Pronto.

No parque em Chicago, um oceano de gente tresloucadamente feliz, rindo chorando, se abraçando. OBAMA PRESIDENTE. Meus olhos aqui no Brasil, cravados na TV choraram lágrimas molhadas descendo pelo rosto. O que estava acontecendo me dava arrepios de êxtase: ao vivo, EUA de ponta a ponta comemorando, e flashes do mundo em comemoração também. Veio o discurso do McCain, um discurso emocionante, mencionando a importância do momento histórico num país de um passado tão manchado pelo racismo, e elogiando e apoiando aquele que antes era seu rival, agora seu presidente. Muito muito bonito, muito digno.

Eram 2 da manhã, mas nem pensar em dormir. Esperei com o resto do mundo o discurso de Obama por quase uma hora. Sabia que iriam reprisar no dia seguinte, e até no dia seguinte ao seguinte, e no próximo, mas não era a mesma coisa. Tinha que ser ali, naquele instante em que estava tudo acontecendo diante dos meus olhos.

E ele chegou. E falou. Sério, como pedia o momento.


O que senti não consigo descrever, mistura de muitos sentimentos. Chorei muito. Nelson tinha ido deitar, mas Milton ficou vendo tb, não foi dormir. Liguei pra Suzy, que mora em New Jersey (onde ele tb ganhou). Chorávamos juntas. Consegui tirar umas fotos da tela da TV deste momento inesquecível na minha vida. Falo mais na próxima.