08 October 2011

stevie wonder

Meus fiéis leitores me perguntam se ainda existe o blog. Existe sim. Está dormente, assim como vários pedaços do meu coração, e o blog funciona justamente como um termômetro do coração. Mas ele existe, ele bate, visto que não morreu. Quem é vivo, sempre aparece, diz o ditado. 

Aconteceu o Rock in Rio, eu não fui mas assisti muita coisa pela TV, opção perfeita para quem não quis fazer maratona, ficar no sol durante horas, se aventurar pra ir, se aventurar pra voltar, entrar em fila. E que coisa boa: depois que acabou os últimos shows da noite (madrugada), JÁ ME ENCONTREI EM CASA!!!! me senti teletransportada, ficção-científica, de volta pro futuro.

Gostei de muita coisa, e detestei outros horrores (“como isto faz sucesso? não dá pra entender”). Mas o que realmente me levou às lágrimas foi o show de Stevie Wonder, o melhor de todos, longe, sem comparação. Destoante de todo o resto. O resto foi o resto. Bota de um lado o Stevie Wonder e do outro lado todos os grupos que participaram, a balança vai arriar pro lado dele, e vai arriar até o fim: suas músicas viraram clássicos, vão ficar pra sempre. 

Ele é um iluminado, aura de luz em volta. Que voz é aquela? músicas que fizeram parte da minha trilha sonora desde os meus quinze anos... todas do show eu conhecia, só de ouvir a introdução... todas cantei...e não dava pra ficar parada... olha que Nelson foi dormir, Milton dava uma olhada de vez em quando, não tinha mais ninguém, e eu arrepiada no meio da sala. Sem uma droga sequer... só a música. 

Stevie Wonder me lembra de mim, do meu mais íntimo eu, daquela que eu nem lembrava mais, daquela que me lembro a toda hora. Me lembra dos namoros, das separações, dos desafios, das dúvidas e das certezas, das viagens, das minhas festas, das crises existenciais, das esperanças, das fantasias... escuto ele quase todos os dias na minha programação. Como por exemplo, quando cheguei na Europa pra morar, ouvi demais o Journey Through The Life of the Plants, e sempre que escuto- pumba! me vem aquelas sensações de novas descobertas. Isto é só um exemplo, tem muitas, que fazem-me sentir que dividi a minha vida com ele. E as músicas dele que cantei em show? várias. Me lembro em Sousse e Tunis, por exemplo: You Are The Sunshine of my Life era um dos pontos altos, às vezes tinha que repetir no bis. E neste show, eu cantava outros clássicos, mas era esta música que levantava o povo. Tunísia, heim!

Não sei. Será que compartilhar a sua vida com a música de um artista nos faz gostar dele? será que quem nasceu depois, mal o conhece, não vai gostar? acho que não, é mais do que isto. A vida inteira ouvi muita gente que continuo escutando, mas são poucos que me falam tão fundo quanto ele. E conheço jovens que foram praticamente conhecê-lo no Rock in Rio, e que gostaram demais. É tão claro o seu recado, basta ouvir. Ouvir e ver, melhor ainda! 

Demorei uma hora pra pegar no sono.



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