21 September 2007

a Ronda


Esta também é uma das minhas preferidas. Ela tem um som maravilhoso, e me lembro de Smetak me dizendo: "se você roda a manivela devagar, e tange as cordas com o arco, aí está o rítmo. Se gira um pouco mais rápido, a melodia. E muuuuito rápido então, é a harmonia". Ou seja, rítmo melodia e harmonia só diferem pela velocidade. Muito doido.

De 1969, a RONDA é um instrumento friccionado e pizzicato, de madeira, metal, cabaça e ferro, de 96 cm de altura.

Do livro de Walter Smetak, A Simbologia dos Instrumentos: "Instrumento cinético que me deu muitas conclusões pela sua materialização. Quando ficou pronto, fiquei sabendo de coisas que antes não sabia. Vemos aqui mais ou menos a forma da ampulheta do tempo. Se isto já está ligado ao tempo, também deve estar ligado ao movimento e ao espaço, pois existe esta fórmula matemática que a ciência associou tantas vezes: movimento-tempo-espaço.

Este instrumento se dedica à duração do som, isto é muito importante. Tem 22 cordas estendidas em volta, às vezes falta uma corda, todas não são regulares, é como uma boca onde faltam dentes.

Duas cabaças encaixadas uma na outra, muito primitivo. Tem duas rodas de madeira, com pregos, onde a corda fica estendida, e duas cravelhas.

É afinada como quiser. Pode ser tocada com arco e pizzicato.

Um carrossel emitindo sons. Sendo que a escala é composta de uma sequência das séries harmônicas, este instrumento traz uma nova experiência.

No giro lento isso dá um ritmo. Tem intervalação. Numa velocidade maior, o instrumento não deixa perceber os intervalos, formando uma linha melódica. Numa velocidade maior ainda, ouiremos só harmonias, porque o giro é tão rápido que ouvimos muitas cordas em uma só vez.

Concluímos, então, que o ritmo, a melodia e a harmonia dependem da velocidade de giro. São tres coisas em uma só, que dependem da velocidade.

É preciso dar tempo ao tempo, diz o adágio popular...

Está na nossa frente a ampulheta, o relógio do tempo, no qual o mesmo se esgota. Areias de desertos, areias sem fim, mares de areias.

Dizem os árabes: Os homens temem o tempo, mas as pirâmides e a esfinge sustentam o tempo...

O que vale neste instrumento é o silêncio que segue o turbilhão de sons, o profundo silêncio no qual a nota, a vibração, se encontra com si própria. A união de todos no Todo.

Existe uma analogia entre este instrumento e o "Imprevisto", embora pertença aos instrumentos de percussão. A diversidade dos sons forma, no seu conjunto de ecos, uma unidade. isto é, em vários instrumentos desta natureza, constitui um ritual de digno e específico poder de criação. Seu simpolismo é evidente. Identificamos, com clareza, o número 8, o eterno vir a ser, na complexidade de seruu mistério. Reconhecemos a forma do violino, ou alguma composição primordial, que poderia ter dado forma ao violino, cujo nome lembra, filologicamente, a Vina.

Vemos, assim, m oito, símbolo do som e do infinito, girando num eixo, como se fosse uma vitgrola, palavra esta deivada de uma outra -vitriol..."

No comments: