07 September 2007

o Bicho


A primeira Plástica Sonora de Smetak que vou editar aqui é o Bicho. Não é a mais bonita, nem a que tem o som mais incrível, mas é a que mais me comove por ser a que ele fez logo depois de me conhecer, e dedicou a mim. Isto foi em em abril de 76, quando participei de seu Curso de Criação Espontânea no MAM RJ. No final da primeira aula ele pediu pra eu cantar, fiz umas coisas que ele gostou muito, e logo ali começou a nossa ligação. De noite estreava sua peça A Caverna, e me chamou pra participar. Depois que ele voltou a Salvador, continuamos a nos corresponder fervorosamente, e em julho ele me chamou pra lá me apresentar com ele no Festival de Arte da BA. Quando cheguei, lá estava o Bicho na minha frente.

Este instrumento é eletrônico, tem captadores por todos os lados, que ampliam ruídos mecânicos e atritos. Imprevisível, requer muita virtuosidade do tocador. Tem 2 metros de altura, e várias partes que emitem ruído: a folha de flandres que se mexe parecendo tempestade, a mola que pode ser percutida com uma baqueta com movimentos rápidos ou contínuos como um recoreco eletrônico, as hastes de metal na lateral que se mexem fazendo sons de bambús metálicos irregulares e incontroláveis, uma caixinha de Pastilha Valda, que apertada lembra o som de formigas mastigando, a espiral da vida que roda produzindo também som, pratinhos metálicos, a corrente que forma o "rabo" do bicho que também é sonoro, e pode-se também usar o arco do violino, copo de vidro pra friccionar em várias partes. Enfim, uma verdadeira viagem!!!!!

E por que o nome Bicho? porque Smetak dizia que dentro da minha garganta existia um reino de animais selvagens, mitológicos, fantásticos, híbridos, bêbados, intergalácticos que precisavam ser soltos pra povoar a Terra.

Esta foto tremida dá uma idéia de como estava o meu coração: fremente, palpitante, estremescente.

2 comments:

Yelloweesa said...

Seria ótimo o blog ter som para poder ouvir a voz de cada um desses instrumentos que me lembram o trabalho de Miró, especialmente este, O Bicho.

dianadasha said...

Há uma parte na exposição que tem uns 20 instrumentos que estão dentro de um círculo de "biombos" de parede de um metro e 70 mais ou menos. E um foco de luz que vai mudando de instrumento para instrumento, e escuta-se a gravação do instrumento focado naquele instante. Ótima idéia, já que, com razão, é proibido tocar neles.