10 November 2006

nomes irrequietos


"Não é numerologia. Embora não tenha nada contra (nem a favor), nunca fui a um (a) numerologista. Sempre foi uma coisa tão natural, como vida e morte, que na verdade nem me dei conta do fato. Mas quando minha amiga se surpreendeu com a quantidade de vezes que mudei de nome na minha profissão, achando que aí tem coisa, senti que devia dar uma explicação ao distinto público. Na verdade, como vou explicar uma coisa tão natural como vida e morte? Precisa? Existe e pronto. Muita filosofia pra analisar quem veio antes, o ovo ou a galinha, muitas religiões pra ir tapeando o medo da morte, muita psicanálise pra saber se ce tá acordado ou dormindo, mas... não sei... é uma coisa tão natural.

Meu nome na Equipe Mercado foi de cara -DIANA. Adoro esse nome. Sou eu. Totalmente identificada. Mas aí (to falando nos anos 70) tinha a mulher do Odair José, que era cantora de pseudônimo Diana (nome Ana Maria). Bem, começou a confusão. Aí Ronaldo Periassú sugeriu Diana com um jota antes do i. Ficava assim meio djavan, djalma.

Olha só, fica até bonitinho: DJIANA. Mas cheira a numerologia, não? aquela coisa de por um (ou mais!) agá no nome, ipsilon onde não tem nada a ver.... fica tão forçado, tão fragilizado... 'tadinha da pessoa, acredita que isso vai lhe dar sorte... sucesso.... Acontece que esse djiana só se sustentou numa única reportagem, abaixo de uma (linda) foto tamanho 3x4, na revista Amiga.

Quando a Equipe Mercado acabou, eu e Stul fizemos a dupla Diana & Stul. Eu diana, ele stul. Mas por uma involuntariedade, dessas coisas que ninguém sabe explicar, e se a gente tivesse querido isso, não ia acontecer, o povo começou a me chamar DIANA STUL. Nossa, lindo demais!!! Mas era uma corruptela... Nada fiz no entanto para desfazer o equívoco, pois sentia nesse novo nome um renascer das cinzas, um novo alento, uma nova vibração. E adotei.

Outra invenção periassústica foi o DIANA PERTREE. Seria (e foi) meu pseudônimo para a edição na Revista Vozes do meu "Conto Cognak". Como a gente mexia muito com o som das palavras, misturando de palavras de várias línguas diferentes, achamos que seria divertido colocar pereira (nome de batismo) em ingles -pear tree- misturando as grafias. Estendendo assim o clima do conto até o nome da autora, uma coisa só.

Mas fora esses nomes incidentais, meu diana stul continuou circulando pra cima e pra baixo, todo contente. Foi quando passei pro elenco de Rock Horror Show. Guilherme Araújo perguntou meu nome completo. Nome que tá na certidão. Diana Estela Pereira. Bem, minha mãe tinha nomes russos. Não! Meu pai tinha Jordão (aliás, TODOS da família têm Jordão, menos eu). Não!
Guilherme fixou-se no estela. Estela = Strella. Eu respeitei, afinal foi ele que mudou o nome Maria da Graça pra Gal, e foi tão bem sucedido!!! E por toda temporada do Rock Horror (e depois um pouco), ficou DIANA STRELLA, o que não é mau. Mas eu, na minha modéstia, me chamar assim impunemente de estrela? Depois que acabou a temporada, fui saindo do céu da strella, e voltando pro chão da Diana.

E CAÇADORA? Acho que esse só apareceu no cartaz na entrada do Teatro da Galeria, na peça infantil "Roboneta, Planeta dos Robôs". Nem em jornal. Uma brincadeira de criança.

Com Smetak, fui DIANA PEREIRA. Trabalhar com microtom era coisa séria... E na Europa, DIANA PEREIRA (ou PERERA) pegou bem. Pereira é bonito, sinto-me eu, mas aqui no Brasil a quantidade de homônimos assusta qualquer cidadão sensato... E na hora dos direitos autorais? Jorge BEN mudou por muito menos por causa do BENSON, imagina a confusão de dianas pereiras???? Mas lá fora tinha tudo a ver. E provavelmente teria sido o último, se eu tivesse ficado lá pra sempre. Mas pra sempre não aconteceu, e voltei.

Com que nome? ah... preguiça de pensar nisso. Diálogo comigo mesma:
-Vamos deixar só diana e chega. É o ideal.
-Mas... e a outra?
-Ah meu deus... então tá. Vamos lá pra trás. Infância. Minha avó russa. Ela me chamava de alguma coisa. Um apelido. Não era diana em russo, era um carinho em forma de som. Me beijava e me abraçava, me chamando de DASHA. Mayá Malênkaya Dasha (Minha Pequena Dasha). Ah, agora vai.

DIANA DASHA. Foi perfeito. Parecia até numerologia, mas não era mesmo. Cinco letras em cada palavra. Equilíbrio perfeito. Duas palavras começando com a mesma letra d. Tipo Marilyn Monroe, viu que chique? e ainda tinha aquele indefectível agá, que todos insistem em inserir onde não tem mais lugar. Mandei ver. Gravei meu LP com o DIANA DASHA bem grandão encima, e por mais de 10 anos atendo por esse nome no palco. Até fora dele sou eu.

Mas lá vem a onda que tudo quer mudar, tudo renovar, tudo matar pra renascer, por um fim para que haja um começo.

Por razões pessoais, sinto-me eu neste belo instante como um casulo virando borboleta. Como uma grão de areia que a ostra engoliu, virando a mais linda pérola que já se viu. E queria tanto marcar esse momento. Tanto. Marcar. Pérola. Borboleta.

Você é louca? mudar de novo? assim ninguém vai saber quem é. E a mídia vai ter um problema aí... vão escrever Diana Nome Novo, ex-dasha, ex-stul, ex-pereira, ex-mercado (ainda tem essa!), não é vendável, não é sensato, assim ce acaba com a sua carreira!!!

Mas gente, será que sou tão famosa assim? será que tá tarde demais pra mudar? nunca é tarde demais, as más línguas falam, ou não?

Não ser famosa tem vantagens, sabia? e uma delas é a liberdade de fazer o que se quer. Pode ser apenas um singelo mudar de nome.

Outro diálogo que ouvi na cabeça:
-Se você está mudada realmente no seu interior, não precisa mudar de nome.
-Ah... mas assim a brincadeira não tem graça...

Não é numerologia. É mágica. Vou mostrar como funciona. DASHA vira JORDÃO. DIANA JORDÃO. Vocês gostam? O que ces acham? Cartas aqui pra redação!!!!!"

•••••••••••

Este texto está no meu site que estará em breve nas bancas!!!! acabei optando por DASHA, porque descobri que sou mais conhecida do que imaginava:)

10 comments:

Anonymous said...

Como é legal ver uma foto com boa resolução! ;)

Anonymous said...

Depois de tanto tempo, agora sim sei porque Diana Dasha.

Craifer said...

Eu estou louco atraz do compacto da Equipe Mercado e Diana & Stul como posso conseguilos ? Alguem me ajuda....craiferartes@hotmail.com

dianadasha said...

oi Craifer,
compactos propriamente ditos da Equipe Mercado e Diana & Stul viraram preciosidades de colecionadores, mas tenho em mp3, posso lhe mandar.

ana said...

Adoro seu trabalho na Equipe Mercado e Diana & Stul, parabéns!
Os vocais da Science Fiction do Rock Horror Show são seus?

dianadasha said...

oi Ana,
puxa, obrigada!!!! bacana ce conhecer o Mercado e o Diana & Stul...
A voz no Science Fiction é da Lucélia (Santos)!!!! tá legal, né? nas outras faixas sou eu que canto.

Silvio Carreiro said...

Gostei do que li, do que fiquei sabendo ( tu com smetak ), e pra lembrar contigo Eu vim de um lugar de campos de arroz E nã nã nã nã nã num sei que no nariz. Sempre quiz essa letra e a melodia colou em mim desde que a vi numa apresentação acho que num FIC.Vaaleu te visitar. Bjs

BBB - Bodhisattva Blues Band said...

Me lembro de voces nos anos setenta, no início! Não sabia por onde andavam ( voce e o Stul). Lembro das sessões malditas no Opinião...Acho que era uma doideira só! Ainda tinha o Cabrália e o Afonso (Passarongo). O Cabrália tocava piano com um espelho no local da partitura...Doideira...!
Abraços!

estrela da manhã said...

bravo, diana (.......) (qual será o sobrenome em 2010?)!! adorei a história da mudança de nomes! ando procurando a gravação dos campos de arroz, e não consigo encontrar. como faço para consegui-la em mp3? e a trilha do rock horror?!

dianadasha said...

RESPOSTAS AOS COMENTÁRIOS:
oi estrela da manhã!!! bom te ler!!! posso mandar estas músicas pra você, mas tenho que ter primeiramente alguma direção sua. mande-a para o meu email
(dianadasha@gmail.com)
é muito bom conhecer gente que conheceu o trabalho dos grupos daqueles anos tão marcantes!!! obrigada!! bj

oi bodhisattva blues band!!! bom te ler também!!! Stul mudou de profissão, Afonso toca e mora na Europa, e Cabrália é Mario Jansen, que trabalhou durante 15 anos na Europa e que voltou pro Brasil, e está na ativíssima. Inclusive fizemos um show em Friburgo nesta semana, confira aí as fotos no blog. É inteiramente prazeroso encontrar pessoas que viveram aquela época conosco, e até nos lembrar de coisas como esta coisa do espelho... obrigada!!! bj

oi reli zumanus!!! bom te ler também!!! aí vai a letra de Campos de Arroz:
eu sou de um lugar
de campos de arroz
grãos, bicos e sal de mar
bosques de dente-de-leão

não só raízes de banchá
você sorrindo de manhã
mas também os campos de arroz
juntos tomando o mesmo sol

por entre atalhos de centeio
a brisa no meu corpo inteiro
girassóis voando nos cabelos
e os campos de arroz
ROÇANDO VERDES NO NARIZ

Se quiser o mp3, me mande a sua direção (dianadasha@gmail.com). Fico realmente emocionada quando encontro gente que lembra destes nossos trabalhos daquela época. Obrigada!! bj