24 July 2006

Thelonious Monk



Não tem pra ninguém. O Monk é o melhor de todos. Depois que ele apareceu, nunca a música americana de jazz (bem, e a internacional também...) foi a mesma. Estava a frente de sua época, e ao mesmo tempo enraizado no jazz tradicional. O mais criativo de todos. Original na sua música e em vários outros aspectos de sua vida- no jeito de se vestir, no modo de se expressar, no seu humor, no seu jeito de se apresentar no palco... Fala Monk:

"Anyone can use farout chords and seem wrong. It's making them sound right thats not easy" (Qualquer um pode usar acordes inusitados e soar errado. Fazê-los soar bem é que é difícil).

Pra quem não conhece, uma breve biografia tirado do seu site oficial:

Monk nasceu dia 10 de outubro (libriano!!!) de 1917 em North Carolina, e se mudou com a família para Nova York aos 4 anos. Desde cedo foi considerado um prodígio. Começou no trompete aos 9 anos, depois passando pro piano, e adolescente, tocava na Igreja Batista em quermesses e em shows amadores. Estudou no Peter Stuyvesant Music School, um dos melhores em NY. Em 1935 começou a se apresentar profissionalmente, e 2 anos depois montou seu primeiro quarteto.

Por volta de 1941 aconteceu uma revolução no ambiente musical de NY - o bebop, com novos conceitos sobre harmonia e rítmo- e um dos celeiros do movimento foi o bar Minton's, onde, junto com Monk, se apresentavam Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Bud Powell, Kenny Clarke, Max Roach, entre outros. Só a nata. Só tinha fera. Gostaria eu de ter estado lá nesse exato momento (meu pai esteve...).

A maneira de Monk tocar já era por si só revolucionáriamente original: enquanto que a mão esquerda dos pianistas todos tocava poucos acordes, mantendo na direita solos muito rápidos, tecnicamente perfeitos, virtuosísticos (mas comuns..), tanto a mão direita como a esquerda de Monk eram ativas, usando toda a extensão do teclado, além de valorizar espaços e os silêncios das pausas, com um fraseado único e uma economia de notas, dando lugar aos outros músicos para que também desenvolvessem as suas idéias. Monk não estava interessado em escrever melodias para as progressões de acordes comuns e tão batidas, e em vez disso, criou toda uma nova arquitetura harmônica e rítmica mesclando a melodia. Dizia ele: "Quando uma canção conta uma história, quando adquire um certo som, então está acabada... e completa".

Coleman Hawkins foi o primeiro a contratá-lo para um compromisso extenso e o primeiro a chamá-lo pra gravar. Isto foi em 1944, mas até o começo dos 50 ele ficou meio no anonimato. A maioria dos críticos e muitos músicos também lhe eram hostis. Era muita novidade para aquelas cabeças, não dava pra entender, não dava pra assimilar... A Blue Note foi a primeira gravadora a contratá-lo. Isto foi em 1947 (ano que nasci. Enquanto ele arrepiava as noites da Big Apple, eu mamava..), ano em que também se casou com a Nellie Smith. Bem, em 47 ele estava com 30 anos, já era um veterano, tendo passado quase a metade da vida debruçada no piano!!!

Os discos na Blue Note são antológicos, geniais, mas comercialmente não foram grande coisa. Ninguém ainda estava preparado para Monk.

Em 1949 nasce seu filho Thelonious. O dinheiro está escasso e fica pior quando é preso injustamente por porte de drogas, assume o flagrante pra aliviar a barra do seu amigo Bud Powell. Com isso, perde sua licença para tocar em NY (o "cabaret card", documento obrigatório na época para se apresentar em Nova York), e fica 6 anos sofrendo as consequências. Apresenta-se então em Brooklyn, em shows esporádicos fora de NY, continua sempre compondo, participa de gravações com Sonny Rollins, Milt Jackson, Miles Davis. Em 1953 nasce sua filha Barbara, e uma ano depois vai para Paris, onde grava seu primeiro album solo na Vogue, uma prestigiadíssima gravadora, e é aí que finalmente Monk começa a ser notado. Em 1955 é contratado pela gravadora Riverside, onde grava verdadeiras obras-primas e passa a ser elogiadíssimo pela crítica: Thelonius Plays Duke Ellington, Brilliant Corners, The Unique Thelonious Monk, e o segundo album solo Thelonious Monk Alone, entre outros. Em 1957 recebe a ajuda da Baronesa Pannonica de Koenigswarter que vira sua grande amiga e mecenas, e que consegue seu "cabaret card" de volta. Logo começa a histórica temporada de Monk e Coltrane no Five Spot Café, que se estendeu por muitos meses e foi um sucesso extraordinário. A partir daí sua carreira foi para as estrelas.

Em 1961 ele formou seu Quarteto famoso, com o Charlie Rouse no sax tenor (esse foi até o fim; no baixo, primeiro Butch Warren, depois Larry Gales, e na bateria Frankie Dunlop, depois Ben Riley), e excursionou por todos os EUA, e Europa e Japão. Em 1963 se apresentou no Lincoln Center regendo sua própria Big Band, assinou contrato com a Columbia e em 1964 foi capa do Times, o que significava a consagração total e completa. Monk fica famoso, e aos poucos suas excentricidades vão sendo reveladas na mídia, muitas vezes mais frequentemente que a sua música. A Columbia, por sua vez, vai absorvendo um público cada vez mais pop rock, e o jazz vai dando seu lugar pra outros gêneros mais populares durante o final dos anos 60. A útima gravação de Monk foi em 1968, com a Orquestra de Oliver Nelson. Em 70 Charlie Rouse deixa a banda, e em 72 Monk é dispensado da Columbia. Monk forma outra banda com os saxofonistas Pat Patrick e Paul Jeffrey, e seu filho Thelonious na bateria. Ainda realiza uma tour com os Giants of Jazz -Dizzy Gillespie, Art Blakey entre outros, e sua última aparição pública foi em 76. Sofre um derrame irreversível em 1982 e doze dias depois, no dia 17 de fevereiro, morre.

1 comment:

Luis Herrera said...

Hola

Monk es extraordinario, su música increíble. Totalmente original, brillante. Mi músico preferido.

Tienes razón al decir que la música nunca fue la misma después de Monk, cambió todo.

un abrazo