06 November 2008

OBAMA PRESIDENTE


Ontem cheguei já tarde em casa, e com sono. Mas estava acontecendo a apuração da votação americana pra presidente. Por meses acompanhei esta campanha, ouvindo, lendo, discutindo, me preocupando... porque se Obama ganhasse, iria ser O SONHO, e eu queria sonhar. Revolução no país e também no mundo. Era possível, mas poderia dar tudo errado... racismo, fraude, racismo, preguiça, racismo, mau tempo (votar não é obrigatório), racismo, indecisão, tanta coisa poderia atravancar o caminho, e por tudo a perder. Suspense, emoção emoção emoção.

Me plantei em frente a TV, ora no Globo News, ora no CNN, às vezes ia pra Fox News ver a reação da direita. O resultado foi acontecendo aos poucos, num ritmo crescendo: os primeiros votos, cidades pequenas, somando aqui, ali e acolá. A esta altura eu já estava sem sono, alerta, atenta e terrivelmente ansiosa, mastigando qualquer coisa que achava na cozinha. O povo de Chicago foi se chegando em grupos cada vez maiores ao parque onde foi montado o palco para o suposto discurso da vitória. Isso foi muito emocionante. Parecia que um evento enormemente grandioso e extremamente importante iria acontecer. Incrível isto, porque ainda não se sabia do resultado, mas horas antes as pessoas começaram a se aglomerar, levadas por uma estranha força. Discretamente, aos pouquinhos, pingadinho, homeopaticamente, gente ordeira chegando, chegando, chegando, chegando em grupos cada vez maiores, verdadeiras multidões, gente quieta e discreta. Quando a vitória enfim foi confirmada, esta gente, que até então estava contida, explodiu em festa. YES, WE CAN. OBAMA GANHOU!!! Uma explosão humana de felicidade na tela, nos EUA de ponta a ponta, na minha sala, e no mundo, de norte a sul, leste e oeste. E não parou por aí. Continuou ganhando, passando o número necessário de delegados -270- (sistema de votação que ainda não entendi direito) pra muito mais que o previsto. Vitória avassaladora. Pronto.

No parque em Chicago, um oceano de gente tresloucadamente feliz, rindo chorando, se abraçando. OBAMA PRESIDENTE. Meus olhos aqui no Brasil, cravados na TV choraram lágrimas molhadas descendo pelo rosto. O que estava acontecendo me dava arrepios de êxtase: ao vivo, EUA de ponta a ponta comemorando, e flashes do mundo em comemoração também. Veio o discurso do McCain, um discurso emocionante, mencionando a importância do momento histórico num país de um passado tão manchado pelo racismo, e elogiando e apoiando aquele que antes era seu rival, agora seu presidente. Muito muito bonito, muito digno.

Eram 2 da manhã, mas nem pensar em dormir. Esperei com o resto do mundo o discurso de Obama por quase uma hora. Sabia que iriam reprisar no dia seguinte, e até no dia seguinte ao seguinte, e no próximo, mas não era a mesma coisa. Tinha que ser ali, naquele instante em que estava tudo acontecendo diante dos meus olhos.

E ele chegou. E falou. Sério, como pedia o momento.


O que senti não consigo descrever, mistura de muitos sentimentos. Chorei muito. Nelson tinha ido deitar, mas Milton ficou vendo tb, não foi dormir. Liguei pra Suzy, que mora em New Jersey (onde ele tb ganhou). Chorávamos juntas. Consegui tirar umas fotos da tela da TV deste momento inesquecível na minha vida. Falo mais na próxima.

No comments: