E continuando com a sessão de slides digitalizados, primeiramente vamos contemplar uma imagem minha de 73 no camarim do Teatro João Caetano, prestes a entrar em cena.
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Amy Winehouse perde. Não a conheço pessoalmente, só sei pelos jornais que ela se detona legal. Era o que eu fazia naquela época. Mas no estilo Janis Joplin, Jimi Hendrix. Agora eu poderia estar perfeitamente onde eles estão, mas não era a minha hora. Estava escrito nas estrelas que eu iria sobreviver, morrer e nascer outra.
Anos 60-70. Outro momento histórico. Brasil em plena ditadura militar. Contestação, revolução, sexo drogas rock & roll. Tropicalismo. Quem viveu, viu... e vice-versa...
Depois em 77, carnaval na Cinelândia, com o Bloco que fizemos na Equitativa contra o leilão. Eu, de casa própria, com direito a chaminé e fumacinha saindo.
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Super-popular, com um cardume de gente ao meu redor, uma tchurma unida de amigos inseparáveis, galera esta que eu pensava que fosse ser pra sempre, e eu ali no meio, centro das atenções. Boêmia, doidivana, espumante colarinho de chope, rascante que nem bagaceira...
A próxima é na praia em Salvador, 78.
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Praia... sol queimando... ondas do mar... Estava em Salvador, trabalhando com o Smetak, morando na Boca do Rio, depois Itapoã. Praia... sol em brasa... ondas do mar... Como hoje só posso ir à praia quando o sol já se pos -ordens médicas- vejo esta foto e me lembro COMO eu era rata de praia, ia todo dia, ficava o dia todo, de manhã até o entardecer. Minha pele ficava tão escura, virava mulata... meus dentes e branco do olho ficavam que nem se estivessem na luz negra, aquele branco ofuscante... Claro que já tive queimaduras exageradas, tipo no dia seguinte mal conseguir abrir o olho, tudo inchado... pura fissura de começo de verão.
Mais uma. São João na Lagoa das Lontras. De perfil, Milton.
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As festas juninas que eu organizava- eram verdadeiras produções- quando ainda a Lagoa das Lontras era da gente. No caminho para Miguel Pereira. Era o meu paraíso de infância, adolescência e de adulta. Sempre foi meu refúgio. Ali eu falava com os deuses. Desde que vendemos, não tive vontade mais de ir... era muita lembrança, e lembrança cansa. 40 anos de passado, melhores momentos da minha vida, não dá não! voltar e ver, voltar e sentir... ai não! muito triste.
Jamais me passou pela cabeça que iria deixar de beber, não iria pegar mais sol, não teria uma galera fiel e onipresente comigo pra cima e pra baixo, que Lagoa das Lontras iria me desaparecer do mapa. Se tivesse vislumbrado este futuro, talvez preferisse morrer e me emburacaria até um patético fim...
Mas não foi isto que aconteceu. A vida é longa. E eu ADOOOOOORO viver. É a coisa que mais gosto de fazer. Por isso morri pra de novo nascer. Várias vezes.
OUTRAS.