30 June 2010

carregada no colo


Nada mais louco que um acidente inusitado. Ontem caiu no peito do meu pé um ferro que segura as toalhas no banheiro. Na hora doeu muito, deu vontade jogar o troço pela janela afora, mas a dor era tanta, que não conseguia fazer nada mais que me contorcer em caretas de horror. Entrei no chuveiro, estava com pressa, tinha que sair. Depois passou, saí, voltei, almocei, saí de novo, e no final da tarde, andei do Catete até o Flamengo.

Era dia do meu esperado açaí no Tacacá. Sentei e pedi, aí sentada notei que uma dorzinha no local da pancada estava se evoluindo em progressão geométrica. As últimas colheradas já foram aflitivas. Fui numa clínica ortopédica que- sorte! ficava no Largo do Machado. Sorte. Aquela hora já não era hora de nenhuma urgência, dali a pouco iria fechar, e só tinha eu. Fui atendida rapidamente pelo único médico que ainda estava por ali. Tirou-se a chapa. Perguntei ao chapeiro se tinha quebrado. Ele, com um olhar misterioso, falou que o médico iria me dizer. Fiquei apreensiva: por que será que ele não quis falar? vai ver que quebrou. Aiaiaiaiai... Mas nada disso, o médico me liberou, gelo e repouso. Fui capengando pra aula de aquarela.

Chegando, começou uma dor tamanha, apesar do gelo que apliquei, que mal dava pra pintar, mas pintei sei lá como, entre caretas, arrepios de dor e pontadas cada vez mais fortes, mesmo paradinha, quieta. Quinze minutos antes de terminar a aula, eu já estava prontinha pra embarcar pra casa. Táxi, eu pulando que nem saci de jeans, paletó, cachecol e mochila.

Ao chegar na porta de casa, olhei desolada pra escadaria que teria que enfrentar. Como subir? não dava pra enconstar o pé no chão. Nem reconhecia o pé, não parecia meu, gordinho, aqueles dedinhos estufados que não podiam mexer de tão duros, vermelho de inchaço, parecia que iriam explodir. Eu teria que subir de bunda, um degrau atrás do outro. Foi quando os seguranças do restaurante em frente se compadeceram da cena, um saci urbano pulando fora do taxi, e se ofereceram a me levar até o portão, e depois tiraram par ou ímpar (hehe... mentira!), e um deles, um anjo, me carregou nos braços escadaria acima, e perguntou pro Nelson, que estava inteiramente despreparado para tal cena -onde a coloco? e cuidadosamente me recostou no sofá. Chiquééééérrimo!!!!!!

Que cena deslumbrante!!! coisa de cinema!!! eu sendo carreganda no colo escadaria acima... me senti o máximo!!!

E agora estou aqui, um dia já se passou, de molho, de repouso. Compromissos adiados. Andar, nem pensar. O pé já não doi tanto, e o inchaço diminuiu, mas não dá pra encostar o pé no chão ainda.

Como é importante conseguir por os dois pés no chão, sem dor!!! é uma coisa tão simples, mas tão básica!! não prestamos atenção a isto quando estamos bem, só quando somos forçados a parar.

Tenho me virado com a cadeira do computador, que tem rodinhas. Vivendo uma outra experiência, e não estou me saindo mal, pelo contrário. A única coisa é que leva um tempão pra fazer tudo, atravessar o corredor pra ir ao banheiro é uma luta, depois pegar um copo de água na cozinha, outra luta. Dramático. Por isso fiz um QG, peguei uma porção de utilidades e pus num cestinha, telefone inclusive, que vai junto comigo. Mas tá bom. Aproveitar pra ler, escrever no blog, ouvir música, pensar, descansar. Coisas que nunca são priorizadas no meu corre-corre diário.

Só mesmo uma paulada no pé pra eu parar, mas como é bom poder pisar.

15 June 2010

exposição de aquarelas


Hoje que reparei!!! nem registrei aqui a nossa exposição de aquarelas no SESC de Friburgo, pensei que tivesse, mas não!!! fui atropelada por acontecimentos extra-previsíveis que me levaram rodamoinhando até a crua constatação desta falha. Que lacuna, que hiato!!! bem, nunca é tarde, vou mostrar agora um pouquinho do muito que foi.

Muuuuito bom. A exposição era nosso, dos alunos da Maria Verônica Martins, e foi a primeira de que participo, ai que emoção!! A abertura foi no dia 30 de abril, já a viagem pra Friburgo, uma gostosura (adoro viajar, nem que seja pra perto)... peguei o ônibus das 4 da tarde no Menezes Cortes e uma chuvinha subindo a serra, muito bom. Friozinho. Lá o Mario me esperava na rodoviária, me deixou no hotel e fomos por os papos em dia, regados a um rodízio de sopas, uma delícia pra aquela temperatura aconchegante. Sair da rotina, que delícia!!

No dia seguinte, encontrei com Verônica e turma e ajudamos a montar.
Verônica, Luciano e eu medindo e montando

De noite foi ótimo, muita gente, suco de abacaxi com hortelã e gengibre, várias pastinhas deliciosas, rever amigos e conhecer outros, num clima pra lá de feliz.

Aqui vão mais fotos. Milton também participou, ele com suas flores e eu com os meus gatos. Parece que em agosto vai ter outra, só que aqui no Rio. Aí mando convite pra todo mundo, e vamos ver se dessa vez os hiatos não me atropelam rsrsrs...
aí os meus trabalhos

com Milton

com Verônica

Verônica e seus alunos Anna, Margarida, euzinha, Milton e Luciano
feliz

09 June 2010

sapinho, pererecas... e rãs


Aparecem do nada na nossa vida, e vão embora sem pestanejar no dia seguinte, silenciosos e sem deixar rastro. Pra onde eles vão? pra onde foi este sapinho que amanheceu neste vaso de plantas? de onde ele veio? não tenho lago, piscina ou poço... sei que os anfíbios foram os primeiros vertebrados a ocupar o solo terrestre, graças ao seu pulmão e às suas patas. Mas eles precisam de água por perto... como viver? como reproduzir? e de novo, como surgiu este bichinho, descansando à sombra de uma planta, num vaso de uma casa em Santa Teresa???

Parece tão tranquilo aí... nem se mexeu quando o flash disparou. Será que me viu? o olho dele nem se mexeu, nem se mexeu, nem piscou, ficou absolutamente imóvel. Uma pequena criatura que não tem medo de gente. Ainda bem que os gatos e as cachorras não o encontraram, mas... como foi que ele chegou até aqui?? deve ter passado por elas, e por outros perigos até alcançar este vaso.

Agora, perigo mesmo estão correndo as pererecas da Floresta Nacional Mario Xavier!!! Trata-se de uma reserva do Ibama que foi cortada pelo Arco Rodoviário em construção, que ligará Itaboraí ao Porto de Itaguaí. O projeto inicial não previa passar por ali, mas sim pelo pedágio da Rio-SP, ali na altura de Seropédica. Mas como não queriam mexer no pedágio, resolveram cortar pela reserva que fica ao lado. Depois que isto foi feito, descobriram as pererecas, as physalaemus soaresi, que não se encontram em nenhum outro lugar no mundo!!! condenando assim as coitadas à extinção... Agora resolveram cercar o Arco e construir 2 passarelas para que as pererecas circulem por baixo, mas isto é uma solução duvidosa pois além de ser bastante custosa, a fumaça e o ruído dos veículos vão poluir a reserva. Não podia era atravessar assim esta floresta, que absurdo!!! não precisa ser doutor pra ver o absurdo que é isto...

Coisa curiosa: nesta floresta não tem peixes, mas quando chove, a região fica cheio de banhados, aí aparecem pequenos peixes. O povo do lugar diz que são os peixes das nuvens, mas é que os ovos deles ficam ali parados, latentes, vivendo em suspense até que chove, quando então viram vida e se tornam peixes...

Voltando aos sapos. Quando eu era pequena, muitas vezes eu passava as férias no sítio da Zeldi em Sacra Família. Lá a gente adorava pegar sapo nas mãos, era gostoso, depois soltava... nem sabíamos que tinha sapo venenoso, sapo que mata, a gente pegava na maior inocência, sem medo, sem nojo, com encantamento. E claro, tivemos sorte, porque nenhum daqueles era igual a aquele que matou o Ruschi...

-E quanto às rãs?- estão me perguntando. Bem, sabe que não tem coisa melhor pra limpar o sangue do que caldinho de rã, e dar uma revigorada geral ? podemos encontrar, não muito facilmente, os pacotes congelados com aqueles corpinhos sem pele, já prontos para cozinhar. Mas é chocante, porque parecem bailarinas de 20 cms, bailarinas porque as coxas são supertrabalhadas. Tirei uma foto, quem quiser, me pede que mostro. Mas só se pedir...

E pra terminar, outra notícia sapal. Na Grécia teve uma saparia louca, milhares de milhões de sapos invadiram a rodovia de Tessalônica, na cidade de Langadas no norte do país. Tres carros derraparam na tentativa de evitar os sapos, e a rodovia foi fechada por duas horas.

Croac, croac croac....