19 May 2006

Nicolau


Há tres dias, fui acometida de um mal súbito. Desta vez não veio com nenhum avisinho sequer, fui dormir bem, mas quando acordei tava com uma baita febre, e uma dor de garganta que não dava nem pra falar. Febre em mim bate como um leve delírio, fico inteiramente fora do ar, nada mais importa, só quero me afundar na cama, mergulhar dentro do travesseiro. Aí começa o delírio propriamente dito. Ligadíssima. Isadora Duncan no bondinho do Pão de Açúcar, o Gato de Botas, Trotski na barca pra Niterói, e também muitas caras desconhecidas se entrelaçando, lugares inusitados. Não é como sonho... consigo controlar, se quiser, mas geralmente deixo rolar. Parece que vou enlouquecer, mas não me dá medo, na verdade chego a gostar. Sinto-me como estivesse espiando o outro lado, uma região que quando criança era fácil chegar, agora não, que está tudo 'no esquema"... Ao mesmo tempo é penoso, porque o corpo não está confortável, tudo dói e está tão quente, apesar de estar um frio de bater queixo e tremer.
Bom era quando o Nicolau ainda era vivo. Companheiro perfeito pra essas horas. Ia chegando devagarinho, me fazendo carinho, me fazendo sentir que tinha alguém pra me cuidar... me consolando e me dando força (é, porque a gente pensa que não vai ficar boa nunca...). Depois deitava do meu lado e dormia aconchegado.
Esse era o Nicolau.

14 May 2006

feliz aniversario


Também hoje, salve ele!!!!!

dia das maes


Mãe é mãe, e nada mais pode chegar perto. Nada que se compare.
A minha já se foi, e foi cedo, ela tinha só 68 anos... e há 18 anos tento me adaptar à vida sem ela. Tudo bem, a vida continua, mas é um pedaço que me falta, e não tem jeito, ainda sinto, ainda penso, ainda lastimo sua ausência. Certas coisas que queria comentar, descobertas que queria lhe revelar, e tantas perguntas que queria lhe fazer, respostas que só ela poderia dar...
Quando eu era criança e descobri que meus pais iriam morrer algum dia (é, porque tem um dia exato que você descobre que tudo morre, talvez com 3, ou 4 anos...), achei que não iria aguentar, e cheguei a pensar em querer morrer antes... Depois haja análise pra aguentar o tranco!!!!
Bem, mas hoje está um dia muito frio -como eu adoro- chuvoso -como eu adoro- e eis que raios de sol teimam em varar as nuvens no céu. Um dia lindo. Deixo aqui uma foto em homenagem a esse dia de sol e chuva.

11 May 2006

Rosa Montero

Sabia que Rosa Montero era boa. Na Espanha, vários amigos meus falaram sobre ela, e eu estava curiosa para ler um livro seu, mas tava esperando o Carl me emprestar os seus volumes em castelhano. É melhor ler no original, sempre que isso for possível.
Carl é um grande amigo meu, da aula de taichi do Mestre Hu no atêrro, há tempos atrás. Pois no ano passado nos encontramos em Madrid, ele chegando da sua peregrinação pelo Caminho de Santiago (vindo de Sevilla, a rota mais difícil, bronzeadíssimo e vários vários quilos a menos...). Estava lendo La Loca de la Casa, de Rosa, e estava adorando. Nem cheguei a folhear, mas ficou na minha agenda mental. Mas eis que ganhei exatamente esse livro da Helô, e comecei a ler no mesmo dia.
Helô nossa! é mais antiga ainda!! da época da Equipe Mercado, ela fazia parte da produção.
O livro veio na hora certa, porque sempre escrevi desde pequena, mas nunca dei a menor importância à minha prosa. Fiz inúmeras letras, várias delas viraram músicas, e muitas foram pro lixo por descuido ou porque não prestavam. Mas agora tenho sentido muita vontade, mais - necessidade- de escrever. Me sinto mais mansa com a idade, antes eu queria festa todo dia o dia todo... gente gente gente, e o ofício de escrever é essencialmente uma atividade solitária. Pra quê escrever, se posso falar? era esse o clima.
Mas voltando ao livro da Rosa, que é justamente sobre o ofício de escrever, sobre a inspiração, o fracasso, o sucesso, o que acontece ao escritor pra que ele saia escrevendo... tem capítulos falando sobre o que aconteceu a Goethe, que se vendeu à corte humilhantemente, e nunca mais conseguiu escrever nada...a Capote, que foi destruído pelo sucesso... o que faz o escritor perder o rumo, é tão bom, muito melhor do que esperava, e só to na metade. Vou agora copiar um trechinho só pra mostrar como ela nos faz pensar.

"A qualidade literária é um dos valores mais subjetivos e mais dificilmente mensuráveis que conheço: se você for engenheiro e fizer uma ponte, por exemplo, pode estar mais ou menos certo da sua capacidade profissional enquanto essa ponte não cair: mas se for romancista e escrever um manuscrito, quem garante que essa resma de páginas impressas, esse monte de mentirinhas infantis e ridículas, como dizia Aira, são mesmo um romance e têm mesmo algum sentido? A história demonstra que nem o sucesso em vida nem os prêmios, nem, ao contrário, o fracasso e a contrariedade dos críticos foram alguma vez prova confiável da qualidade de uma obra. E nem sequer o tempo põe as coisas em seu lugar, como gostaríamos de acreditar por precisarmos ter certezas: algumas vezes caíram por puro acaso em minhas mãos romances de autores antigos totalmente esquecidos e fora de catálogo que no entanto achei ótimos, e previsivelmente eles nunca mais regressarão do cemitério. Quero dizer que escrevemos na escuridão, sem mapas, sem bússola, sem sinais reconhecíveis do caminho. Escrever é flutuar no vazio".

Esta é a Rosa Montero.

Perfeitamente aplicável à música também.

10 May 2006

Estudio Ruidos Asociados



Não estranhe. Asociados é com um esse só mesmo, porque é em castellano. Madrid, 2005. Foi nesse estúdio que gravei a voz de 6 músicas minhas, 4 delas pro próximo cd. Na foto, yo fazendo a maior pose. O Estúdio é do grande Walter Guimaraes (baterista que tocou comigo aqui no Brasil e na Europa) e da Nuria Marti, sua mulher maravilha. É pra ficar o dia todo a noite toda aí se deixando levar compondo criando experimentando ai... esse grande relógio me assustava cada vez que me mostrava as horas... quê? pero ya está mui tarde!!! e então era desligar tudo correndo, regar correndo as plantas lá fora, lavar correndo os copos e restos de lanchinhos que bem... em se tratando de obleas (espécie de hóstia do tamanho de um 45 rotações, de-li-ci-oso), como muitas vezes foi, as migalhinhas davam um trabalho... E o clima? era pleno verão madrileño. Muuuuuuuito quente. Mas como era no subsolo, enquanto lá fora tava uma sauna seca à 40 graus , lá dentro nos deliciávamos com uma temperatura de 20 sem ar condicionado!!!

06 May 2006

encontro da Equipe Mercado



Equipe Mercado foi o meu primeiro grupo de música. Teve vida curta, de 69 a 72, mas fez a cabeça de muita gente que até hoje comenta e sabe cantar certas músicas nossas que fizeram sucesso. Em 2003 nos reunimos depois de anos pra uma moqueca aqui em casa. Como mexe com a gente rever antigos amigos depois de tanto tempo. Fazemos promessas de nos vermos mais, trocamos telefones, querendo de verdade voltar a juntar nossas vidas, mas essas coisas dependem de outras que não só a vontade e carinhosas lembranças...
Vou colocar essa foto aí provisoriamente, pois as que tenho o blogger não tá importando por questões de formato. É do nosso encontro de 03: em pé, da esq pra dir: Marcos Stul (baixo e...), Antonio Cesar Lemgruber (guitarra e ...), Trajano Lemos (bateria, tocou só no comecinho, depois saiu da EM, mas continuamos sempre nos falando e atualizando). Sentados: Ricardo Guinsburg (voz, violão, arranjos e....) eu (voz, percussão e....) e Ronaldo Periassú (letras e .....) Por que as reticências? ah, porque todos tinham múltiplas funções!!!!

05 May 2006

pessoas que caem do ceu



De um mes pra cá, mais ou menos, duas pessoas cairam do céu no meu caminho, pumba! Seus nomes? Tania e Priscilla. Acontece que há tempos venho procurando alguém pra fazer meu site, mas não tenho tido sorte, ou a pessoa tá cheia de trabalho, ou some sem dar o menor sinal, ou simplesmente não rola sintonia... Pois essas lindas criaturas estão fazendo o meu site, e quero dedicar aqui esse primeiro blog pra essas figuras estonteantes!!!! Aliás, se não fossem elas, esse blog não existiria. Então aí vai queridas, amo vocês.
O que seria de nós sem nossos amigos? essas pessoas que caem do céu pra nos ajudar a viver, pra nos aliviar o peso no andar, pra nos ensinar a fazer coisas que não faríamos jamais se não fossem elas??? o que? o que?